História de Abu Dhabi.
Faz parte do processo de adaptação a um novo país conhecer sua história e a origem de seu povo. Precisamos conhecer os seus heróis, saber quem pisou no solo que hoje pisamos, conhecer o passado para compreender e se conectar ao presente. Hoje, os Emirados Árabes Unidos, como um país, completam 45 anos. Uma nação que ainda não alcançou a meia idade, mas que já é o 7º mais rico do mundo, segundo a Global Finance.
O grande divisor de águas, ou de areias, na história do país foi a exploração do petróleo, na década de 60. Sobre esse assunto, já temos um artigo aqui no BPM: Abu Dhabi – Nem só de petróleo. Mas nem sempre foi assim.
Os Emirados Árabes das pérolas
A posição estratégica dos Emirados Árabes entre a Europa e o Oriente fez da região um importante ponto de comércio durante muitos séculos, atraindo interesse de alguns povos, onde destacamos os portugueses, holandeses e britânicos. Depois de ser palco de sangrentas disputas na sua costa desde o século XVI, foi somente em 1820 que os governantes locais e os britânicos assinaram um acordo chamado “Estados da Trégua”. Em 1892, outro acordo firmado entre os “Estados Truciais” e a Grã-Bretanha dá ao Reino Unido o controle sobre os assuntos externos (proteção da costa contra eventuais ataques), e a cada emirado o controle sobre os assuntos internos.
Dessa forma, protegida pelos britânicos, a indústria de pérolas prosperou durante os séculos XIX e XX e foi a grande fonte de renda da região, até que entrou em declínio com a Primeira Guerra Mundial, a depressão econômica da década de 20 e, finalmente, a desleal concorrência das pérolas cultivadas no Japão. Após a Segunda Guerra Mundial, o comércio de pérolas desapareceu, deixando o país em severas restrições econômicas.
No vídeo abaixo (em inglês, com legenda em inglês), vemos um pouco da história do país, contada a uma criança pelo seu pai. O vídeo ilustra bem o sentimento que os nacionais possuem de sua história: orgulho, paixão e encantamento.
O petróleo e o início de uma nova era
Com a exploração do petróleo, veio a salvação definitiva para esse povo do deserto. Em 1962, é feita a primeira exportação de petróleo de Abu Dhabi e, em 1968, os britânicos anunciam sua intenção de deixar o Golfo Árabe. Foi aí que Sheikh Zayed Bin Sultan Al Nahyan agiu rapidamente para unir os emirados e formar uma federação. Em 2 de dezembro de 1971, há 45 anos, nascia os Emirados Árabes Unidos, formado inicialmente por Abu Dhabi, Ajman, Dubai, Fujayrah, Sharjah e Umm al-Qaywayn. Ras al-Khaimah apenas se juntou depois, no início de 1972, formando, finalmente, os 7 emirados.
Sheikh Zayed governou o país por 30 anos, até a sua morte, em 2004. Ele é considerado o “pai’ do país, por seu papel fundamental no estabelecimento dos Emirados Árabes como um território político independente, pela organização de suas leis e por coordenar o progresso advindo da exploração do petróleo. Se não fosse pela sua visão, talvez o país não estivesse onde está hoje.
Os atuais governantes
Cada um dos 7 emirados que formam o país possui a sua soberania, formando, na verdade, uma confederação de monarquias árabes. Nesse caso, cada emirados seria como um principado. Sua Alteza Sheikh Khalifa bin Zayed Al Nahyan foi eleito presidente dos Emirados Árabes Unidos pelo Conselho Supremo em 3 novembro de 2004, após a morte de seu pai em 2 de novembro do mesmo ano. Seguindo os princípios de liderança de Sheikh Zayed, Sheikh Khalifa (como é mais conhecido) busca manter uma profunda conexão com a população local (de nacionais) e com os outros países árabes.
Outro membro importante da família real é a Sua Alteza General Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, também filho do Sheikh Zayed. Sheikh Mohammed é Comandante Supremo das Forças Armadas e Presidente do Conselho Executivo de Abu Dhabi. Em Dubai, desde janeiro de 2006, quando o Sheikh Maktoum bin Rashid Al Maktoum, o primeiro ministro e governador do emirado, faleceu, o seu príncipe herdeiro, Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum, assumiu seus papéis.
Emirados Árabes Unidos – economia e qualidade de vida
Os povos se uniram, criaram um país em um território com condições adversas, mas com um bem natural que proporcionou todo o desenvolvimento: o petróleo. Além disso, claro, a visão de seus líderes e a diversificação da economia, bem como os investimentos em infraestrutura, tecnologia, inovação e educação, colocaram os Emirados Árabes no mapa das grandes potências econômicas mundiais. Além do turismo, que possui um grande impacto nas fontes de renda e geração de empregos do país.
De acordo com o site Numbeo, em sua pesquisa sobre qualidade de vida de várias cidades pelo mundo em 2016, mostra que o país está classificado como “alta qualidade de vida- índice 141.04” (a título de comparação, o Brasil possui índice moderado, de 95.43; e os Estados Unidos possui índice muito alto, de 180.60).
Para essa pesquisa, foram avaliados os seguintes itens:
123.01 | Muito Alto | |
79.38 | Alto | |
60.65 | Alto | |
7.28 | Baixo | |
67.23 | Moderado | |
5.36 | Baixo | |
35.39 | Moderado | |
58.89 | Moderado |
Morar nos Emirados Árabes
Morar neste país nunca foi um plano, mas sim um acontecimento da vida, graças ao trabalho do meu esposo. Viemos para cá sem saber muito o que iríamos encontrar, já que não conhecíamos o país. Nos surpreendemos positivamente e negativamente com várias coisas. Dentre um dos pontos negativos, corroboro com a pesquisa supracitada e digo que lidar com o clima daqui é um desafio e tanto – especialmente no primeiro ano. As temperaturas no verão são excruciantes e hoje, quando vejo uma cena de chuva em um filme, chego a ficar emocionada, morrendo de saudade.
Lidar com o custo de vida também é desafiador. Todos os meses precisamos ficar atentos aos nossos gastos com restaurantes e lazer, de uma forma geral. A religião, por não ser a que eu pratico, também é um ponto que merece atenção. Porém, apesar de todas as dificuldades que encontramos, também nos deparamos com uma cidade organizada, limpa, bonita e segura, que oferece tudo de melhor a seus moradores.
O cenário que vemos hoje é bem distante da época em que a pérola era o maior bem desse território. Hoje, morando neste país, posso afirmar que aprendi a admirar a sua história, que em tão pouco tempo foi capaz de construir tanto. Acho que é um exemplo louvável a todos nós.
E se você quer saber mais sobre como é viver nesse país, pode consultar o Diário de Polly, onde relato o dia a dia de uma brasileira morando em Abu Dhabi. No mais, sempre fica o convite para conhecerem essa terra de Sheikhs, camelos, pérolas e petróleo. Até a próxima! E viva os Emirados Árabes!
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