Este ano completam-se 15 anos desde o fatídico atentado terrorista que mudaria a vida dos norte-americanos e daria início ao que ficou conhecido como “Guerra ao terror”: os atentados de 11 de Setembro de 2001. Aquela manhã começou como qualquer outra. Pais e mães deixaram seus filhos na escola e foram trabalhar, pessoas se preparavam pra reuniões, outras para irem ao supermercado e turistas já começavam a se aglomerar ao redor dos muitos pontos turísticos de Nova Iorque, incluindo o próprio World Trade Center, as chamadas “Torres Gêmeas”. Mas foi também naquela manhã que muitos pais e mães deixaram seus filhos na escola, foram pro trabalho ou entraram em uma reunião pela última vez.
Me lembro, como se fosse hoje, a escola parou. O trabalho parou. O mundo parou. Todos assistiam incrédulos as chamas que saíam das Torres Gêmeas, em Nova Iorque e do Pentágono, em Washington, DC. Muitas foram as cenas na TV de pessoas desesperadas, correndo ou pulando daqueles prédios. Viemos a saber mais tarde que havia um quarto avião, ao que tudo indica, direcionado à Casa Branca, que caiu na Pensilvânia. Seus passageiros lutaram bravamente com os terroristas para tomar o controle da aeronave, mas infelizmente sucumbiram assim como aqueles que estavam nos voos 11, 77 e 175, da American Airlines e United Airlines, respectivamente.
Havia muita informação desencontrada. Os celulares não funcionavam, o espaço aéreo foi fechado. Mais tarde, veio a confirmação: aproximadamente 3 mil pessoas morreram durante os ataques, incluindo os 227 civis nos aviões e 19 sequestradores a bordo dos mesmos. Apenas dentro das torres foram mais de 2.000 vidas perdidas, incluindo bombeiros, policiais e paramédicos que deram a vida tentando salvar aquelas pessoas. Perdemos cidadãos de mais de 70 nacionalidades, incluindo 4 brasileiros, assim, da forma mais estúpida e desumana que alguém pode perder um ente querido.
O mundo se emocionou e se solidarizou junto com os norte-americanos. E assim, depois de alguns dias, tentando entender e se reerguer, o ex-Presidente norte-americano, George W. Bush, declarou guerra ao terror. Mas o que mudou desde então na vida dos norte-americanos e estrangeiros que moram nos Estados Unidos?
– Aeroportos: foi criado a Transportation Security Administration (TSA), responsável por conduzir revistas nas pessoas que vão viajar. Muitos itens, antes permitidos na bagagem de mão dos passageiros, foram proibidos, como perfumes, desodorantes, cremes, giletes, tesouras, dentre muitos outros. Hoje, temos que passar por raio-X, tirar casacos, sapatos, cintos, relógios, etc., antes de chegarmos ao portão de embarque. Facas, garfos, colheres e copos somente são permitidos no avião se forem plásticos;
– Imigração: as leis de imigração se tornaram muito mais rígidas, principalmente para cidadãos de países árabes;
– Controle de informação: o governo aumentou a forma de coleta de dados da National Security Agency (NSA), agência que pode, literalmente espiar mensagens de texto, e-mails e operações bancárias de qualquer pessoa vivendo nos EUA. Tudo em nome da segurança nacional;
– Documentação: as carteiras de identidade, de motorista, passaportes e Green Cards sofreram alterações. Tornou-se mais burocrático renovar tais documentos. O Green Card, por exemplo, passou a ter validade de apenas 10 anos, ao invés de ser válido por tempo indeterminado como antes;
– Alistamento militar: o número de jovens americanos se alistando as Forças Armadas aumentou muito. Nos primeiros 3 anos que sucederam os atentados, 3.2 milhões de homens e mulheres se alistaram para servir e proteger a nação.
– Xenofobia: o número de pessoas que acreditam que estrangeiros não deveriam viver nos EUA também aumentou. A xenofobia chegou ao seu nível mais alto, desde grupos que se julgam supremacia branca até candidatos à Presidência, e hoje assistimos incrédulos o candidato do Partido Republicano fazer, abertamente, discursos que incitam o ódio contra árabes, latinos, negros e qualquer outro grupo diferente do estereótipo físico norte-americano;
– Intolerância religiosa: a discriminação a pessoas de credo muçulmano. Esse grupo da sociedade americana passou a ser marginalizado e constantemente associado a ataques terroristas.
Agora você, leitor, deve estar se perguntando, e o que eu tenho a ver com isso? Apesar de muito triste, os atentados aconteceram em outro país, eu nem conhecia as vítimas, logo, não fez diferença na minha vida. Será que esse argumento procede? Eu acho que não. Todos nos saímos perdendo. A Guerra ao Terror se tornou algo global, que deixou de ser um problema dos norte-americanos há muito tempo. Depois de NY, Washington e Pensilvânia, choramos junto com Beslan (Rússia), com Madri, com Londres, com Istambul, com Riad, com Boston, com Paris, com Orlando, com Nice, e mais recentemente com Munique. Aqui as mudanças por conta dessa guerra chegaram um pouco mais cedo, mas tenha certeza, independente do seu país, onde você está, ou o quão longe pensa que está, infelizmente, nos dias atuais, todos nós corremos riscos. Pergunto-me: até quando?
O 11 de Setembro, querendo ou não, mudou não somente a vida e a rotina dos norte-americanos, mas sim de todos nós. O Brasileiras Pelo Mundo deixa sua homenagem e solidariedade a todas vítimas de terrorismo e suas famílias. Se você gostou do artigo, por favor, continue nos acompanhando.