De Curitiba para Nairóbi.
Karibu sana!
Quando me dei conta, no início de 2016, que realmente teria que me mudar para o Quênia, comecei a buscar informações e percebi que há muita coisa publicada sobre o país, mas quase nada em língua portuguesa. Por isso, achei interessante começar essa nossa conversa explicando sobre aspectos gerais do Quênia, cultura e educação. Com o passar do tempo, me aprofundarei em temas mais específicos.
O Quênia está localizado na altura do Equador, do lado leste da África; a população é de aproximadamente 40 milhões de pessoas e o tamanho é equivalente ao estado da Bahia.
Eu moro em Nairóbi, que é a capital do país. A cidade, apesar de estar na altura do Equador, possui o clima bem temperado (para algumas pessoas é considerado até friozinho) e é extremamente verde e florida o ano inteiro. O clima fresco se deve ao fato de estarmos a uma altitude de 1700 metros do nível do mar, o que faz com que o clima fique ameno praticamente o ano inteiro. O Quênia possui duas línguas oficiais: o Kswahilli e o inglês (foi colônia inglesa até 1963).
Essa é a terra dos elefantes, leões, hienas, zebras e girafas. O desenho “Rei Leão” foi inspirado nos safáris quenianos e “Hakuna Matata” significa “não se preocupe”, em swahilli. Simba, o nome do leão do filme, significa exatamente “leão”. É possível ver os animais livres em seu habitat natural convivendo entre si, e, junto com as lindas praias de água azul que banham o Quênia, eles são a maior fonte para atrair turismo.
O país não possui muitas cidades grandes como estamos acostumados no Brasil, basicamente existe Nairóbi, que é a capital, e Mombassa, uma cidade litorânea. O Quênia é habitado por diversas tribos que falam diferentes idiomas, uma das razões para que haja uma desunião muito grande.
Apesar disso, os quenianos se orgulham de serem o país mais tolerante da África em termos religiosos, econômicos e políticos. Quando moramos num continente considerado uma panela de pressão, percebemos que o Quênia, perto dos outros países africanos, está realmente em uma situação melhor.
O que mais me espantou, e isso já era de se imaginar, foi a pobreza geral do país. Apesar de vir do Brasil eu nunca havia visto o tipo de pobreza que existe aqui. Boa parte dos 40 milhões de quenianos vive com menos de 1 dólar por dia e cerca de 40% da população está desempregada. Nas favelas praticamente não há eletricidade, tampouco água, as pessoas cozinham em fogueiras, pois não conseguem pagar por fogões ou gás de cozinha. Por todo o lado há pequenas fogueiras que as pessoas usam para cozinhar, mesmo em banquinhas na rua, que vendem os “pratos feitos”. Praticamente tudo é cozido em fogueiras com carvão.
A comida típica é o ugali com sukuma wiki. Ugali é o nome que se dá a uma mistura de farinha de milho, água, margarina e sal, que se cozinha até ficar com uma consistência de polenta. Sukuma wiki é como é chamada a couve por aqui, ela é feita basicamente frita em óleo e se come junto com o ugali. Feijão é algo bem comum e arroz também se come muito. Dá até pra matar a saudade de casa com feijão fresco, arroz e uma couve refogada. Não é exatamente igual, mas fica parecido com a comida brasileira.
O Quênia é majoritariamente um país cristão, correspondendo a quase 83% de sua população. A segunda religião mais importante é o islamismo: é bem comum vermos mulheres usando hijab e burkas e há algumas mesquitas espalhadas pela cidade. Existem também várias religiões de origem indiana e vários templos indianos, o que faz de Nairóbi uma cidade com grande diversidade religiosa.
Outra coisa que me chamou a atenção é a quantidade de estrangeiros. A comunidade de expatriados aqui é imensa e há verdadeiras cidades de expatriados em Nairóbi, com pessoas de todos os lugares do mundo. De chineses a europeus e africanos. Para as minhas crianças foi excelente, pois hoje em dia já têm amiguinhos de todos os lugares do mundo e aprendem sobre as diferentes culturas de uma forma natural.
O esporte nacional queniano é, sem sombra de dúvidas, a corrida. Eles são extremamente orgulhosos de seus esportistas e das medalhas conquistadas. Nas competições das escolas e nas gincanas sempre há corrida, de todos os tipos: revezamento, 100m, dentre outras. Inclusive nas Olimpíadas do Rio, o Quênia teve o mesmo número de medalhas de ouro que nós, todas na corrida.
Outro dia fui convidada para dar uma palestra sobre o Brasil na escola do meu filho de 5 anos (eles estudam em uma escola queniana, não internacional), era época de Olimpíadas e, no meio da palestra, eu perguntei para as crianças, todas da mesma idade do meu filho, se eles sabiam o que eram os Jogos Olímpicos. Levantou uma menininha e disse: – “Eu sei o que são! Jogos Olímpicos é o nome daquela competição em que a gente corre, corre, corre e ganha!”
Esse é o espírito do povo queniano, um povo simples, sem muita maldade, um país com a maior diversidade cultural que se pode imaginar, colorido e, apesar de tudo, feliz! Uma democracia jovem, um país jovem também que tem muito a melhorar.
De todos os lugares do mundo em que eu poderia ter ido morar pela primeira vez, estou feliz por estar aqui e ter a oportunidade de ver tantas coisas diferente em tão pouco tempo.
Kwaheri!
10 Comments
É minha amada filha! Amo demais e morro de saudades. É muito bom que ela possa contribuir com nossa cultura e também absorver a cultura do país que os acolheram com muito carinho e amor. Esta interação é muito importante para o bem estar das próprias pessoas, também das nações envolvidas. Principalmente para mim como mãe, avó, sogra que num primeiro momento tive todos os medos e sofrimentos possíveis. Hoje sinto – me mais confortada com as histórias que minha filha, genro e netos contam a mim. Assisto aos vídeos das crianças na escola, com seus amigos e Professoras. Estão felizes. Os lindos passeios pela região. Só posso dizer o meu muito obrigada a Nairobi, Quênia, que receberam meus filhos, meus netos de braços abertos, como se, seus filhos fossem. Magda Milani.
#ObrigadaNairobi #EternamenteGrataQuenia
Muito legal Dani, adorei saber um pouquinho mais do país que você está. Continue contando mais. Bjs e sucesso por aí.
Dani, tenho certeza que seus filhos vão amar a experiência deorar no Quênia!!!! Não só eles como vc é seu marido!!!
Obrigada Lucy!
Arrasou Daniiii…Parabéns adorei o texto! Sucesso!
Que descrição incrível! Mudou minha forma de pensar sobre a África!
Bom dia Daniela,
Tenho uma opp de trabalho no Quênia. Gostaria de saber mais sobre a vida no Quênia. Principalmente sobre moradia e educação. Quais os maiores desafios que vocês encontraram?
Obrigado
Oi Bruno, tudo bem? Se você entrar no blog e procurar Quênia você vai encontrar alguns tópicos e assuntos sobre o Quênia. Acho q desafios existem muitos, depende de onde você vem, dependendo do país que você veio ou se é a sua primeira vez fora pode ser um choque cair de para-quedas por aqui, mas em linhas gerais o Quênia é um país no qual podemos viver. Assegure-se de vir com um bom plano de saúde, escola para seus filhos, passagem ao país de origem e casa paga, o maior desafio aqui é sem dúvida o custo de vida altíssimo que temos para tentarmos ter uma vida confortável. As casas e apartamentos são em geral bem amplos e custam em torno de 1000 a 8000 dolares de aluguel por mês (claro que depende de onde quiser morar e o tamanho da casa. Existem apartamentos mais baratos mas são em vizinhanças não muito amigáveis para quem recém chega no Quênia). As escolas internacionais custam algo entre 1000 doalres por mês à 3000 por mês por aluno, as escolas locais o custo cai para 3000 dolares por ano por aluno. A educação é bem bacana (eu tenho um post em que falo sobre as escolas) e as minhas crianças são bem felizes com a escola. Caso você queira mais informação pode me escrever para heydani@gmail.com, ficarei feliz em ajudar. Abraços
Olá Daniela, preciso de um intérprete em Nairóbi. Tens como indicar alguém? Meu e-mail joslai@rutkoski.com.br
Olá Daniela, preciso de um intérprete em Nairóbi. Tens como indicar alguém? Meu e-mail maringa@clubeturismo.com.br