10 coisas que eu menos gosto no Qatar
Primeiramente, gostaria de deixar bem claro que este é um relato extremamente pessoal, baseado em minhas experiências vividas neste país. O Qatar é um país maravilhosos e até já escrevi um texto aqui no BPM falando sobre as coisas que eu adoro. Porém, como nem tudo são flores, e emigrar não é tarefa fácil, resolvi listar aqui algumas coisas que me incomodam neste lugar, então lá vão as 10 coisas que eu menos gosto no Qatar.
1 – O transporte público quase inexistente
Venho do Brasil, né minha gente, e acredito que em quase todas as regiões daquele gigantesco país o transporte público não é nada eficiente. Porém, aqui no Qatar ele não só não é nada eficiente, como também é praticamente inexistente. Pouquíssimas linhas de ônibus e ainda menos paradas fazem com que o transporte público na maioria das vezes não seja uma opção acessível. A população daqui é praticamente obrigada a comprar carros ou pegar táxis (caríssimos, por sinal). O que nos leva à segunda coisa que menos gosto aqui.
2 – A falta de educação no trânsito
Muitos carros, muitos motoristas, gente estressada e falta de educação. Dirigir nestas estradas é um desafio constante e um verdadeiro exercício de paciência. Apesar de o país possuir vias em ótimo estado, o excesso de velocidade, carros potentes e motoristas imprudentes são uma soma perigosa. Buzinas estridentes e motoristas cortando outros motoristas sem nenhuma preocupação são uma triste e constante realidade. Nas estradas do Qatar, infelizmente, prevalece a lei do mais forte. Quanto menor ou mais “velho” o carro, maior o sofrimento.
3 – A competição
Uma vida medida quase sempre por aquilo que você tem. Ou por aquilo que você transparece ter. Bolsas de marca, carrões de luxo, jóias, relógios, celulares. Tudo aqui é uma infindável competição por quem tem mais. Não somente em se tratando de quem tem mais dinheiro, mas também se trata de quem tem mais status, de quem tem mais influência ou de quem tem mais poder.
4 – O assédio mascarado
Sim, o assédio! Ser mulher estrangeira neste país também é um exercício de paciência. Olhares maliciosos, olhares que realmente constrangem e incomodam são constantes. O assédio é mascarado, disfarçado, mas ainda assim ele existe. E, por incrível que pareça, é muito mais constante do que já sofri em toda minha vida no Brasil.
5 – O verão
O verão é muito quente, sufocante, eu diria. Com temperaturas na faixa dos 50 graus, é difícil fazer qualquer atividade. As altas temperaturas fazem com que as pessoas permaneçam enclausuradas dentro de espaços climatizados. No verão, quase não vemos a luz do sol, pois é praticamente impossível ficar exposto por mais de dois minutos. Então, a rotina se resume a ir de dentro de casa (ar-condicionado), para dentro do carro (ar-condicionado), para dentro do trabalho (ar-condicionado) e assim sucessivamente.
6 – A paisagem amarela
Tudo aqui é amarelo. Todo lugar que se olhe é um infinito e seco deserto. Sinto falta de olhar pela janela e ver grama, árvores, animais, e até mesmo mato. Sabe aquele matinho que cresce sem ninguém plantar? Sinto falta disto e destes tipos de vista, que lá no sul do Brasil eram comuns para mim. Aqui, absolutamente nada é verde. Se você quer se sentir um pouco próximo da natureza, precisa se deslocar até os parques da cidade. Os parques com seus pseudo cantos de pássaros emitidos por caixas de sons. Os parques com partes de grama sintética. Estes parques são o mais próximo da natureza e do verde que podemos chegar morando aqui.
7 – O preço das coisas
O custo de vida é altíssimo, e isso é algo que realmente me incomoda. O aluguel é absurdo, chega a ser o dobro da média dos aluguéis cobrados em países europeus, e olha que aqui não ganhamos em euro. Restaurantes, cafés e comida em geral são o que mais me assustam. Qualquer mísero café não sai por menos de 18 reais. Os cafés mais gostosos ou elaboramos estão na faixa dos 30. Num geral, comer fora aqui é muito caro.
8 – A falta de organização e a lentidão dos órgãos públicos
Não sou mais capaz de reclamar dos órgãos públicos brasileiros depois que tive que lidar com os órgãos públicos no Qatar. Extremamente desorganizados e lentos, muito lentos. Além da lentidão, somos obrigados a lidar com o atendimento ruim, o descaso (beirando o desdém) e a falta de educação dos atendentes. E falando nisso, vamos ao próximo item.
9 – O atendimento ao cliente
O atendimento ao cliente deixa muito a desejar. Diversos países estão anos-luz à frente neste quesito. Já entrei em lojas onde os funcionários se escondem para não atender. Já passei por situações em órgãos públicos em que os funcionários ficavam tomando café e mexendo no celular mesmo tendo dezenas de pessoas para atender. Enfim, necessitam de muita evolução neste quesito ainda. E este é um outro exercício que necessita muita paciência.
10 – A desigualdade
Ela é gritante. No país das luzes, do luxo, do ouro, o que mais me corta o coração é ter que conviver com a desigualdade. Os privilégios, a segregação, a falta de direitos, a falta de respeito e as humilhações que alguns povos são submetidos. A dinâmica da desigualdade neste país é muito mais complexa do que caberia num post. Então, por ora, finalizo por aqui. Até a próxima.
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Você mora em Doha ou conhece algum brasileiro que resida na cidade? Recebi uma proposta de trabalho e desejo obter mais informações. Grato.