A cultura gastronômica de Singapura
Singapura, apelidada de little red dot por causa do pontinho vermelho que normalmente cobre a ilha toda no mapa mundi, é uma cidade-país com uma população de 5 milhões de habitantes. Para se dar uma ideia da dimensão, a população equivale a um pouco menos do que aquela da cidade do Rio de Janeiro.
O único acesso por terra se dá com a Malásia, por uma ponte, e apesar disso, o aspecto cosmopolita é muito acentuado. Como discutido em outros posts aqui no BPM, Singa é um imenso caldeirão cultural formado por três etnias (chineses, malaios e indianos) além de 29% de expatriados (considerados como não-residentes), de acordo com estatísticas oficiais.
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Mas quando se trata de turismo, Singapura bate quase três vezes seu peso, com quase 14 milhões de turistas visitando a ilha em 2014, segundo o site da NPR. E como resultado de um plano de longo prazo do governo, muitos dos visitantes hoje visitam a cidade pela cultura gastronômica!
Hoje existem muitas alternativas econômicas de alojamento e agora existem até poshtels (juncão de “posh” e “hostel“), ou albergues chiques, com foco na descoberta cultural da cidade!
O treinamento culinário foi um incentivo do governo anos atrás para transformar a ilha em um destino turístico “world class“, e chegou à criar institutos internacionais e convidar chefs famosos como Wolfgang Puck e Mario Batali para se instalarem.
A diversidade de comida em Singapura é monstruosa, e enquanto podemos comer aqui macarrons até melhores do que os encontrados na França, se você estiver pensando em comer “barato” vai precisar prestar atenção à umas regrinhas:
Privilegiar a comida local
Isso significa aproveitar as ofertas de hawkers centers oferecidos pelos “tiozinhos” (como são carinhosamente chamados pelos locais), que oferecem uma mistura de pratos chineses, indianos, malaios e indonésios, por menos de 3 US$ cada.
Mas também significa escolher melhor os produtos no wet market (o mercado de rua, que aqui é coberto). Se você privilegiar as lichias, mangas ou qualquer outro fruto tropical ao invés de querer comprar morangos, e outros berries importados dos países mais frios, com certeza vai economizar bastante.
Além do mais, Singapura é uma cidade que oferece vários festivais por ano (quase um por mês), a maioria concentrados ao redor de… comida, claro! Uma ótima oportunidade para descobrir a cultura gastronômica.
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Prestar atenção ao nível de pimenta
Parece meio óbvio para quem mora na Ásia, mas muita gente não sabe que a comida tailandesa, a cambojana e a indiana (só para citar as mais conhecidas) pegam realmente pesado na pimenta!
São muitos os expatriados, familiares e turistas que quase desmaiam (ok, estou exagerando) ou que ao menos suam frio e não conseguem terminar o prato. A palavra mágica é apontar para o menu e perguntar se o item é spicy. Quase todos os restaurantes têm a versão ocidental, leia-se para nós que somos bem mais sensíveis aos níveis estratosféricos de pimenta habituais por aqui.
E se por acaso você estiver se perguntando, os restaurantes do Sudeste Asiático põem a comida apimentada mexicana no chinelo.
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Comer em shopping centers
Na América do Norte, Europa e até mesmo no Brasil, as escolhas de comida fast-food nesses estabelecimentos não são lá reconhecidas pela qualidade. Em Singapura, ar-condicionado é questão de sobrevivência, e os singapurianos desenvolveram uma forte cultura consumista ao longo dos anos.
Dessa forma, várias redes de alimentação oferecem excelentes alternativas a preços bem razoáveis e não tão prejudiciais à saúde. Como exemplos posso citar: Green Dot (vegetariano e saudável) e Nam Nam (especialidades vietnamitas).
Se você quiser saber onde encontrar restaurantes excelentes e baratos na cidade-leão, dê uma conferida nessa lista: onde comer em Singapura.
Você descobrirá que existem até opções bem em conta de restaurantes locais que não estão dentro de shoppings (estória de frequentar um ambiente um pouquinho mais convivial).
Pois bem, quem foi que disse que Singapura era uma cidade cara?
Bem, provavelmente foram turistas que acabaram indo comer nos lugares errados. Quem é que vai a Paris comer na Champs Elysées? Tomar café na praça San Marco em Veneza? A-ham. Isso mesmo que você pensou…
Evitar restaurantes europeus
Na mesma linha de obviedades que estou escrevendo aqui, deixe para comer em restaurantes europeus quando estiver na Europa. Claro que é possível encontrar italianos, franceses e espanhóis excelentes e ninguém vai ficar mais pobre por frequentá-los nos finais de semana, mas se você quiser economizar, e de quebra conhecer a cultura gastronômica de Singa, procure conhecer os restaurantes locais.
Alguns restaurantes europeus são bem abordáveis (como por exemplo: a rede alemã Brotzeit, o Essen, no Pinnacle ou Wild Honey na Mandarin Gallery) mas, como regra geral, os europeus são reservados para ocasiões mais fancy, ou seja, onde os singapurianos vão em massa para comemorar o dia dos namorados ou outras ocasiões especiais.
E sim, a maioria deles são de qualidade excepcional (vista a quantidade de expatriados e paladares exigentes na área).
Prudência e canja de galinha
A mesma coisa vale para as churrascarias brasileiras.
Para quem mora em Singapura não há desespero nenhum, é muito fácil encontrar picanha, por exemplo, e apesar do veto contra a carne brasileira (ainda pior depois dos escândalos da JBS, que mancharam a reputação do Brasil aqui fora), países como Austrália e Nova Zelândia abocanharam o mercado, vendendo cortes de carne bem conhecidos (que há alguns anos nem existiam nesses países).
A prova disso: as carnes provenientes da Oceania vêm com etiquetas em inglês onde se leem: picanha (em português mesmo). Ninguém precisa nem enrolar a língua tentando explicar ao singapuriano do açougue o que estamos precisando para o churrasco. E o melhor: com preços bem decentes, se comparado ao que pagávamos no Canadá ou na França.
Última dica
Os singapurianos não cozinham muito no dia a dia. Não faz parte da cultura deles quebrar a cabeça várias vezes por semana com compras, quando um prato de comida local pode custar até mais barato do que preparar em casa. Alguns apartamentos nem têm fornos convencionais. A maioria dos expatriados precisa fazer da cozinha um critério importante na hora de alugar, ao menos se a intenção for cozinhar em casa.
Isso faz com que os singapurianos façam a maioria das refeições na rua. Por isso, se você estiver passeando por aqui um dia, deixe a timidez de lado e aborde um deles. Eles adoram comer (e falar de comida) e não vão hesitar nem um minuto para te dar uma lista de boas opções na área em que você estiver!