Quem consegue viver sem amigos? Eu não consigo. Apesar disso, essa não foi uma preocupação quando me mudei para Berlim. Eu queria mesmo me dedicar, um pouco, à minha família, marido e filhos. Mas, como ter e fazer amigos está na minha essência, mesmo antes de chegar eu encontrei a Associação Albatros. Trata-se de um espaço em Berlim dedicado apenas a mulheres e meninas. Eles ajudam as pessoas do entorno do bairro, onde está localizada essa ONG, com várias atividades contra a violência doméstica (espero não ser o caso de ninguém aqui), ajudando na inclusão de quem vem de outro país. Claro, a Albatros ajuda, principalmente, refugiadas e pessoas que chegaram de lugares que não fazem parte da União Europeia. Imagina para mulheres que vêm do Afeganistão, Iraque, Paquistão. Elas precisam aprender ou, pelo menos, entender vários costumes que não fazem parte da rotina delas.
Enfim, faço essa menção só para dar uma explicada sobre como funciona esse espaço. Falar especificamente dele não é o tema de hoje. O que quero ressaltar é o que ele nos oferece, quando chegamos meio perdidas. Digo por mim. Para nossa sorte, uma das pessoas que trabalham lá é uma brasileira que está aqui há mais de 18 anos e sabe bem como é a adaptação e suas fases. Pensando nisso, ela resolveu fazer um café da manhã para quem fala português, justamente, para compartilhar e acolher quem chega na cidade.
O que ela não sabia é que uniria pessoas, abrindo portas para várias amizades e que isso, sim, faz muita diferença para quem chega em um país que não é o seu.
Pois bem, voltemos à minha essência de fazer e ter amigos. Mesmo antes de me mudar, como já falei, eu já conhecia a Albatros pelos grupos do Facebook, esses que, acredito, quase todos que mudam fazem parte: Brasileiras em Berlim, Mães Berlim, Brasileiros na Alemanha. Foi em uma dessas páginas que vi o convite e entrei em contato com a pessoa responsável para entender melhor como funcionava. Ela me convidou para ir ao próximo encontro e eu disse: “Ainda não me mudei, mas vou, com certeza, quando chegar!”. A “louca”, não!? Nem mudei e já estava querendo conhecer gente. Isso porque eu queria me dedicar apenas à família. Claro, só na minha inocente expectativa!
E foi exatamente o que fiz. Não consegui ir nas primeiras semanas por conta das milhares de burocracias que temos que fazer quando chegamos em outro país e quem mora na Alemanha sabe bem como as coisas são complicadas. Mas, assim que consegui, eu fui e dei a sorte de ser a única participante nesse dia. Digo sorte porque assim pude conhecer bem o projeto, me abrir, falar tudo o que estava sentindo. Foi quase uma terapia. Vale ressaltar que tudo que conversamos fica entre o grupo e os participantes do dia. Na segunda semana, a mesma coisa, só eu apareci, mas, ainda assim, continuei indo. Na terceira semana foram mais de 10 mulheres. Tinha gente de Moçambique, de Portugal e várias brasileiras. Nossa, como me fez bem conhecer pessoas de várias idades, personalidades, cada uma com uma história diferente, mas, no fim, todas em busca de algo em comum, no caso, tentar se encaixar em um país com costumes e cultura que não são suas.
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As reuniões acontecem todas as sextas-feiras, das 10h30 às 12h30, e a cada semana eles abordam um tema diferente. Os assuntos são variados, abragendo desde como funciona o transporte público em Berlim a oportunidade de emprego, escolas para os filhos, cursos de alemão, ou até como você se sente com a mudança. Enfim, são diversos temas, mas o que vale mais a pena são as pessoas que participam. Graças aos encontros, já fiz grandes amigas que frequentam minha casa, passeamos e viajamos juntas. Unimos famílias e isso me fez um bem danado. Por sorte, a maioria chegou por aqui em 2017, mesmo ano que me mudei. Por essa razão, quase todas estavam com os mesmos medos, inseguranças, tentando entender o que raios estão fazendo aqui! Confesso, é muito libertador saber que você não está passando por isso sozinha.
Fico imaginando que se não tivesse conhecido esse grupo, talvez, tudo teria sido mais difícil. Claro que também temos que estar abertas para fazer amizades com os locais, com os estrangeiros que também moram na cidade. Mas, já sabemos que o melhor do Brasil são os brasileiros, porque em minutos viramos amigos de infância, conseguimos nos expressar e parece que encontrar alguém que fala nossa idioma nos deixa mais perto de casa.
Nesses encontros, descobri várias coisas bacanas, tirei várias dúvidas e tive oportunidade até de fazer curso de alemão gratuito. Então, para quem está em Berlim, acho que vale muito participar, pelo menos uma vez. O evento é gratuito, se quiser pode levar um bolinho, pão, suco para ajudar no café da manhã. Mas, não é obrigatório. E para quem não está em Berlim, eu sugiro entrar nas comunidades do Facebook ou qualquer coisa assim e sugerir um café em algum lugar para conhecer as brasileiras que estão perto de você. Ou seja, faça você mesmo o Encontro de Mulheres, na cidade aonde mora. Acredito que você não vai se arrepender. Caso organize, me conta aqui como foi e, se estiver morando em Berlim, me fala se você tem interesse que podemos combinar de ir juntas.
Outro lugar que me fez bem e me acolheu foi a comunidade católica de língua portuguesa. Gosto de ir à missa todos os domingos e lá também fiz amigos. Para quem não é católica, tem outras igrejas, templos, enfim, que sei que também falam português. Vou deixar aqui os endereço dos dois espaços:
Associação Albatros
Encontro de Mulheres: todas as sextas-feiras, das 10h30 às 12h30
Endereço: Auguste-Viktoria-Allee 17, 13403 Berlin
Comunidade Católica em Berlim
Missas: sábado, às 18h – domingo, às 11h
Endereço: Greifswalder Straße 18A, 10405 Berlim
5 Comments
Oi Raquel! Adorei seu post! Tem grupo no face ou zap sobre o albatroz? Quero participar! Desde já agradeço
Oi Simone. Eles ainda não tem página nas redes sociais. Apenas o site http://www.interkultureller-maedchentreff.de/
Mas, pode ir nessa sexta-feira, dia 19/1, as 10h30. Sera muito bem vinda 😀
Bom dia!
Estou com o projeto de me mudar com meu filho para Berlim.
Mas tenho muitas dúvidas em relação a como inscrevê_ lo nas escolas, estamos vivendo atualmente em Portugal e ele está concluindo o 5 ano.
Mas de documento somente o passaporte (BRASIL), terei dificuldades para ele estudar em BERLIM, meu companheiro já vive aí a 2 anos e já tem o BI, mas eu e meu filho ainda não.
Aguardo esclarecimentos em relação a minha situação.
Obg.
Olá Aline,
A Raquel Muniz Barreto parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Alemanha que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
ola eu gostaria de fazer parte com a org. meu nome e Auxilia vivo em berlin,