Casamento grego.
Sempre tive curiosidade de ir a um casamento aqui na Grécia, mas só nesse verão consegui, finalmente! Apesar de não seguir mais tantas tradições como antigamente, a cerimônia ainda tem muitas curiosidades e diferenças se compararmos com os casamentos no Brasil. E não, os gregos não quebram mais pratos em casamentos ou outras cerimônias. Pelo que sei, essa prática foi proibida há um tempo, pois causava acidentes que acabavam com a diversão nos eventos.
O verão é a época em que todo mundo se casa aqui. Esse ano fui convidada para dois casamentos e fiquei sabendo de vários outros entre julho e setembro, de conhecidos de amigos e pessoas do trabalho. Um outro detalhe, é que as pessoas se casam muito fora da cidade, nas ilhas e vilas de origem de suas famílias, por exemplo, e os convidados podem ter que viajar horas para chegarem ao evento. Alguns casamentos duram mais de um dia, principalmente para a família, que continua celebrando no dia seguinte ao casório oficial.
Mais um detalhe curioso e importante para quem está planejando casar fora do Brasil, é que muita gente vem à Grécia para se casar. Em Santorini e outras ilhas com cenários românticos, é muito comum ver casais, principalmente asiáticos, trocando alianças e oficializando o matrimônio, além de fazer os famosos ensaios fotográficos. Há diversas agências especializadas apenas em casamentos nas ilhas gregas.
Voltando à minha experiência, fui acompanhar um casamento em uma ilha perto de Atenas chamada Evia, de um ex-colega de trabalho do meu namorado. Fato curioso, pois apesar deles não trabalharem mais juntos, foi convidado assim como todos os que já trabalharam e os que ainda estão na empresa. Pois é, além das famílias dos dois lados, com primos e tios de primeiro, segundo e terceiro graus, é comum convidar muita gente, mesmo pessoas que não fazem parte do convívio diário dos noivos. Algumas cerimônias chegam a ter 300 convidados!
A religião oficial da Grécia é a Ortodoxa e a maioria dos casamentos ainda segue a tradição da cerimônia religiosa seguida de festa. Na igreja, o ritual é bem similar ao que conhecemos do catolicismo, com algumas diferenças. Os convidados esperam do lado de fora a chegada dos noivos e a noiva chega por último, em um cortejo de carros enfeitados que dão três voltas ao redor da praça da igreja até que ela desça de um dos carros. Os noivos são os primeiros a entrar e, só então, os convidados entram e sentam para acompanhar a cerimônia.
Durante a cerimônia é comum os noivos segurarem uma vela. Isso não aconteceu no casamento em que fui, mas pelo que vi e li por aí é bem comum esse costume. Uma diferença significativa é com as alianças: na Grécia, ao ficarem noivos o casal usa alianças na mão esquerda e, durante a cerimônia, eles apenas trocam a mesma aliança para a mão direita, representando a mudança.
Os noivos também usam uma espécie de coroa circular na cabeça, chamada stefana, com uma fitinha amarrada. A fita simboliza a união do casal e, durante a cerimônia, os padrinhos trocam as coroas entre os noivos três vezes para demonstrar a ligação espiritual. Após esse momento e ao partilharem uma taça de vinho, simbolizando a comunhão, o sacerdote “puxa” os noivos para três voltas ao redor do altar e isso finaliza a cerimônia. Enquanto estava sentada acompanhando o casamento, umas meninas entregavam saquinhos de arroz (seco mesmo) para jogar nos noivos na saída da igreja. O curioso é que grego nem come muito arroz… vai entender!
Antes de sair da igreja, recebemos uma lembrança com doces de amêndoas. Os doces representam fertilidade e longevidade. De acordo com a tradição, o número de doces para cada convidado tem que ser ímpar, pois é um número que não se pode dividir, assim como os recém-casados. Após a cerimônia, fomos para a festa – num lugar bem bonito por sinal – em uma montanha. Foram mais de 40 minutos de carro até chegar ao local.
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E a celebração não podia ser diferente: diversos pratos de comida típica grega, saladas, queijos, carnes, sendo servidos acompanhados de vinhos locais e cerveja. E, é claro, um delicioso bolo e a primeira dança do casal, muita música e lá pras tantas, a tradicional música e coreografias gregas (nesse caso com influências pônticas, pois a família do noivo é da região de Ponto, no nordeste da Turquia) com banda ao vivo. A dança vai longe, saímos do casamento quase às 5 da manhã e ainda tinha gente animada! E assim terminou minha primeira experiência em um casamento grego.
E você que se animou com o casamento grego, é bom se preparar se conhecer um(a) deus(a) grego(a) por aí! A família é uma das coisas mais importantes na Grécia, se não for a mais importante de todas. Tudo aqui é ligado à família, desde os negócios a eventos sociais ao que fazem ou deixam de fazer. E não é diferente nos relacionamentos; a tendência é sempre os parentes se intrometerem nas questões do casal, seja para definir o dia do casamento ou o nome dos filhos.
Tenho amigos que estiveram casados com gregos e se divorciaram por não aguentar a pressão da família e o jeito de ser das mulheres gregas. Muitas são ciumentas e controladoras. É claro que, estando disposto(a) a passar por determinadas situações comuns por aqui e a viver as tradições, tudo em nome do amor, com muita paciência tudo vai dar certo!
6 Comments
Adorei saber um pouco mais dessa cultura que tanto apreciooo. Muitooo interessante.
Beijo
Grasiela
Que bom que gostou Grasiela! Um abraço e fica sempre de olho nas novidades por aqui! 🙂
Saudades, cara sobrinha. Adorei conhecer um pouco da cultura grega. Já tinha alguma noção sobre o casamento grego, com a quebra dos pratos. Agora já sei que a tradição se modernizou e proibiu esse desperdício. Mas acredito que a magia cultural se manteve.
Um beijo.
Sim, com certeza tia. A magia sempre vai existir. E continua acompanhando o blog! Um beijo grande! 🙂
Oi Clarissa, adorei seu post. Mandei uma mensagem pra vc pelo FB, deve ter ido pras mensagens ocultas, da uma olhada!
Oi Bianca! Que bom que gostou do post! Continue acompanhando o blog e novidades da Grécia e de outros países. Vou dar uma olhada na mensagem e te respondo! Abs, Clarissa