Columbus, com seus mais de 800 mil habitantes, é a décima quinta maior cidade dos Estados Unidos – como eles dizem por aqui, é “a maior cidade pequena americana”. Repleta de estudantes universitários, empreendedores e hipsters, Columbus combina opções de cidade grande com um custo de vida de cidade pequena e abriga o quarto maior estádio do mundo, o Ohio Stadium, com capacidade para 105 mil pessoas!
Uma cidade alternativa
Sempre no espírito de apoiar os pequenos produtores e o consumo local, não faltam bares, feirinhas de artesanato e alimentos orgânicos, galerias de arte e restaurantes repletos de opções veganas e vegetarianas. Hortas comunitárias também são bastante comuns. A principal rua da cidade, a High Street, possui uma região conhecida como Short North, com vários bares, lojas e restaurantes em sequência por muitas quadras – muitos com bandeiras LGBTQ (a do arco-íris) adornando a entrada. É nessa região que fica a Axis, a festa mais badalada da cidade. Nessa casa noturna encontram-se pessoas gays, héteros, drag queens e muitas noivas em sua despedida de solteira, todos dançando alegremente até que, de repente, a música acaba e as luzes são ligadas às 2:30h da madrugada em ponto.
Dos diversos festivais que acontecem o ano todo, dois me chamam muito a atenção. O primeiro é o Comfest (Community Festival), que tem como objetivo reunir a comunidade no parque Goodale para discutir políticas de inclusão social, luta pelos direitos das minorias e medidas para diminuir a desigualdade social em Columbus. O festival conta com música, teatro, dança, aulas de ioga gratuitas e os famosos food trucks – caminhõezinhos com alguma comida. Protestantes pela legalização da maconha estão sempre presentes recolhendo assinaturas para requerer tal medida do governo de Ohio. Neste festival, tanto homens como mulheres podem ficar sem camisa e sem sutiã, e tudo é visto com muita naturalidade. As mulheres de Columbus são bastante ativas na luta pela igualdade de gênero.
O segundo festival é a Doo Dah Parade. Enquanto o 4 de julho, dia da independência dos Estados Unidos, é celebrado em todas as cidades americanas com muitos cachorros-quentes, hambúrgueres, fogos de artifício e patriotismo, em Columbus a data também é celebrada de uma forma um tanto bem humorada e diferente. A Doo Dah Parade é um desfile que visa satirizar a política e os valores conservadores americanos. Em 2015, por exemplo, desfilaram diversos personagens bíblicos de lingerie, um grupo de “Fideis Castros” pelo comunismo, vulcões, padeiros, diabos, os juízes do supremo tribunal federal (eles encenavam a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo) e o grupo Vegan Shift de ativistas pelos direitos animais, entregando folhetos que diziam “compaixão”, “não violência”, “pelo meio ambiente”, “pelas pessoas” e “pelos animais”.
Uma cidade universitária
Columbus possui pelo menos 26 universidades, sendo a maior delas a Ohio State University, com seus mais de 60 mil alunos. A universidade geralmente se classifica entre as 50 melhores do mundo. Tudo isso, somado a cursos de graduação e pós-graduação oferecidos em praticamente todas as áreas, resulta em um fluxo muito grande de pessoas de diversas partes dos EUA e do mundo para Columbus (aqui estou eu!). Por sua vez, essa diversidade cultural e a educação acadêmica de qualidade provavelmente contribuem bastante para o atual status de Columbus como uma das cidades americanas que mais crescem, criam novos negócios e melhoram seus índices de desenvolvimento.
Nesse clima progressista e cheio de pessoas jovens, não é de se admirar que boa parte da população de Columbus vote nas eleições em candidatos mais liberais (ou menos conservadores). Por exemplo, nas eleições presidenciais de 2012, Columbus e as outras grandes cidades de Ohio votaram em Obama (do partido dos Democratas, mais liberais), enquanto todas as outras cidades menores votaram em Romney (do partido dos Republicanos, mais conservadores). A distinção cultural clara entre capital do estado e cidades do interior, em Ohio, me lembra bastante a diferença entre Porto Alegre e o interior do Rio Grande do Sul – quem cresceu em qualquer cidade do interior do Brasil e depois se mudou para alguma cidade grande vai identificar o sentimento aqui!
Outro efeito colateral da cultura universitária são os esportes. O mais apreciado pelos locais é certamente o futebol americano. Todos os jogos acontecem com estádio lotado – mais de 100 mil pessoas há mais de 8 anos! E como se não bastasse a fidelidade impressionante do torcedor ao estádio, quem não obtém ingresso vai igual, e faz o que aqui é conhecido como tailgating: o ato consiste em montar uma barraca ao redor do estádio e convidar os amigos para beber cerveja e comer petiscos nesta barraca enquanto se vibra com quem está gritando dentro do estádio. Telões passando o jogo ao vivo estão sempre disponíveis nos arredores da arena. A minha estimativa a olho nu é que 10 mil pessoas vão lá fazer tailgating a cada partida. Essa festividade obviamente também lota os bares da cidade e as casas das famílias, que se reúnem no aconchego do lar, no mesmo ritual sagrado de jogos, comida, cervejas e risadas. Imaginem o que foi essa cidade em 2014, quando o time da Universidade do Estado de Ohio foi campeão invicto.
4 Comments
Mdsss essa ideia de post foi sensacional, demaissssss mesmo , parabéns, tudo sucesso e continue postando sempre que puder. Achei muito legal a cidade com uma guinada liberal mesmo em um estado conservador.
Muito obrigada, Felipe! Tudo de bom pra você!
Boa tarde, muito interessante o site. Consegue me indicar uma escola de inglês em Columbus, estou com dificuldades de encontrar.
Olá Igor,
A Paula Dalcin Martins, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM