Custo de vida em Madri.
Na parte I comentei quanto custa viver em Madri sob o ponto de vista de aluguel e regiões onde se morar.
Hoje queria comentar um pouquinho sobre o custo de vida social e noturna em Madri, bem como custos do dia a dia, como supermercado, por exemplo.
Antes de mais nada, deixo aqui a observação de que a Espanha em geral é um país bem barato para se comer, seja em casa (com o que você preparar com os ingredientes que encontrar pelos supermercados) ou em restaurantes. Não estou dizendo que não há lugares caros, eles existem sim e tem muitos lugares caríssimos. Entretanto, no geral se come muito bem em Madri (que é tida como uma das cidades mais caras da Espanha) pagando um preço bem justo.
Supermercado – uma coisa muito interessante aqui na Espanha é que nem sempre você encontrará todos os produtos em qualquer supermercado. Pode parecer bem estranho, mas algumas marcas você não encontrará no Carrefour, mas encontrará no Mercadona (uma rede de mercados espanhola). Outra coisa são os produtos regionais, como a cerveja. Você vai notar que em Madri vai ser mais difícil encontrar a Estrella Galicia que estará à venda apenas em grandes mercados, ao contrário da Galicia.
Eu particularmente acho Madri uma cidade com um baixo custo de vida para comer, porque sempre acabo comparando com São Paulo. Com 80 euros ao mês você faz uma ótima compra, e de produtos com muita qualidade. Eu e meu marido costumamos fazer compras semanais com mais freqüência, porque somos 2 e vamos comprando aos poucos. Entretanto, uma vez a cada 2 meses, mais ou menos, fazemos uma compra do mês com a parte mais robusta de produtos, e assim dá pra economizar bem. Obviamente que se você quiser comprar coisinhas mais caras gastará mais, o que eu cito aqui é uma dieta mais “básica”.
Outra coisa muito importante: muitos mercados aqui na Espanha possuem uma marca própria, que geralmente tem tanta qualidade (em alguns produtos até mais) que os de marcas conhecidas – são chamados produtos de “marca blanca”. Estes produtos geralmente tem um preço bem melhor que os produtos de marcas conhecidas, e isso faz uma baita diferença no final do mês. Por exemplo: para comprar pacotes de arroz, macarrão, açúcar e sal, você gastará seguramente menos de 1 euro por pacote. A água também tem um preço muito bom, em torno de 70 centavos de euro o galão de 6 litros de água da “marca blanca”. As bebidas tem o preço mais variável; uma latinha de Coca-Cola custa mais ou menos 60 centavos de euro, mas comprando o pack saem por menos. Aliás isso é algo muito comum nos mercados aqui, sejam grandes ou pequenos: promoções do tipo “pague 1 leve 2”, e dependendo do produto vale muito a pena.
Azeites não são tão baratos quanto eu pensava (e aliás foi um item que subiu muito de preço nos últimos meses), podem custar mais ou menos 4 euros a garrafa, apesar de que as latinhas de tomates pelados e em cubos, para você fazer seu próprio molho de tomate, custam em média 60 centavos.
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Vinhos: tem de todos os preços. Para os grandes apreciadores de vinho, tem algumas marcas mais famosas que realmente tem uma qualidade superior, mas são vinhos mais caros (podem chegar a até 10 euros a garrafa). Entretanto, com 4€, em média, pode-se comprar vinhos tintos muito bons, com uma boa relação custo-benefício. Vinhos brancos costumam ser um pouquinho mais baratos, e os rosados seguem mais ou menos os preços dos brancos. Mas às vezes, saem promoções nos supermercados com caixas fechadas a preços mais acessíveis, é sempre bom estar de olho.
Indo para o lado mais saudável da força, as frutas e verduras variam bastante de preço. Existem inúmeras variedades de tomates, por exemplo, e o preço vai de 50 centavos a 2,50 o kilo (tem tomatinhos amarelos, “pretos”, cereja, enfim, uma infinidade de variedades). Batatas também costumam ser baratas se você compra o saco de 3 ou 5 quilos, e a cebola e alho também são bem em conta. Já as frutas variam muito, porque aqui não é como no Brasil, onde tem praticamente tudo o ano inteiro; aqui é tudo bem sazonal, então se não é época de uma fruta, você não vai encontrar em nenhum lugar. A laranja costuma ter um preço bom, ao redor de €1,50 o quilo, e maças depende: aqui tem a maçã vermelhinha, a amarela e a verde. Cada uma tem um preço diferente.
Uma vez fui a um mercado aqui em Madri que se chama Alcampo, e ali eles tinham uma sessão de frutas e verduras mais “machucadinhas” com um preço bem reduzido. Lembro que comprei um montão de batatas porque eram machucadinhos superficiais, e foi quase dado de graça – mas claro, tem que olhar com calma.
O que é muito caro aqui, pelo menos quando eu comparo com o Brasil, são os produtos de beleza – shampoos, condicionadores, cremes, etc. Se convertermos, para mim parece um pouco caro, mas também tudo depende da marca e do seu gosto.
Lado bom de Madri neste quesito: tem muito mercado pequeno espalhado pela cidade (Dia, Carrefour), então sempre tem uma opção se você precisa de algo urgente.
Lado ruim de Madri neste quesito: os grandes supermercados estão fora da cidade, então o acesso sem carro fica bem complicado (considerando ainda a sacola de compras rs).
Apenas para dar um exemplo, essa semana mesmo fui ao mercado fazer uma compra pesada – grãos, massa, carnes, frutas, bebidas. Vou compartilhar minha lista com vocês:
a. Bebidas: compramos um pack de 8 latinhas de água tônica, uma garrafa de Aquarius e um galão de 6 litros de água;
b. “Quilos”: 1 quilo de feijão, 1 quilo de lentilha, 1 quilo de arroz, 1 quilo de feijão branco, 1 , 1 quilo de açúcar refinado, 1 quilo de açúcar mascavo, 1 pacote de 500 g de ervilhas congeladas;
c. Frutas: 1 saco de banana, 1,5 quilo de laranja;
d. Massa: 3 pacotes de massa, 1 talharin, 1 espagueti e 1 de penne.
e. Carnes: 500g de carne bovina em cubos, 3 quilos de peito de frango, 1 pacote com quase 1kg de filés de perú;
f. Demais: pão de forma, 3 tabletes de chocolate, um pacote de coco ralado, potinhos de marmita, escovas de dente, fio dental;
Por essa compra gastamos quase 70 euros, o que é um valor alto, mas é uma “compra de mês”, ou seja, pelos próximos 2 meses não compraremos muitas das coisas desta lista – pegaremos semanalmente um alface ou tomates, que são produtos que estragam com maior facilidade. O que fazemos muito aqui em casa é congelar coisas, principalmente as carnes já cortadas em filés, e vamos descongelando diariamente. Também fazemos feijão, lentilha, etc., e congelamos sem tempero, assim ganhamos tempo no dia a dia.
Vida noturna/social
Sair à noite em Madri, seja para jantar ou para “tomar umas copas”, como eles dizem, não é caro. Novamente, tem gosto e bolso para tudo, mas a média é bem acessível.
Uma dica bem bacana e que funciona muito bem aqui em Madri é o site (ou o app) do El Tenedor (o famoso “The Fork”). Alí você pode encontrar vários restaurantes com até 50% do menú com desconto (consideradas algumas condições, claro). Muitas vezes eu e meu marido fazemos reserva pelo aplicativo e é maravilhoso; no app você pode filtrar por tipo de comida que você quer, por raio de proximidade, enfim, é bem legal e vale muito a pena.
Sem considerar este desconto que comentei, se você for a um restaurante mediano em Madri (fora do centro, porque como comentei no texto I, no centro você pagará muito mais caro por ser uma região mais turística), a média da conta por casal (com bebidas e sobremesa) costuma ser por volta dos 35€. Claro que tudo vai depender do lugar, da comida, enfim, isso é uma média e pode variar muito dependendo dos fatores que eu comentei.
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Os preços de bebidas nos bares costuma ser de 1€ a 2,50€ uma cerveja (porque depende do tamanho e da marca), entre 2,50€ e 4€ a taça de vinho, e as garrafas tem o preço bem variado, não dá pra traçar uma média infelizmente. Os “refrescos” (refrigerantes, sucos e bebidas sem álcool) costumam custar em média 2,50€, e sucos também variam muito.
Enfim, tem para todos os gostos e para todos os bolsos, mas o mais bacana é ver como Madri tem uma vida noturna super ativa: casais com ou sem filhos, jovens, idosos, todos sentadinhos nas terraças tomando alguma coisa, comendo as famosas tapas, celebrando e aproveitando algo tão simples que para a maioria de nós “passa batido”, mas que é tão importante – a vida!