Depressão pós-imigração – como o yoga pode ajudar.
Este artigo vai esclarecer as razões para essa prática milenar ajudar a melhorar sua saúde. Atualmente se fala muito sobre os efeitos do yoga sobre a saúde física e mental. Todos os dias vejo no meu Instagram yogis postando aquelas poses acrobáticas. E quando Harvard e outras universidades mundo afora publicam os resultados de anos de estudo sobre os benefícios da meditação para quem sofre de depressão e, para ajudar, colocam uma foto de um guru perfeitamente alinhado e sem pensar em nada? Só de ver isso já intimida. E como incorporar uma prática que, a princípio, parece intimidar mais do que qualquer aula de zumba, samba ou crossfit?
Quero esclarecer aqui que nos meus 16 anos praticando yoga e meditação segui meu próprio ritmo. Faço questão de respeitar minhas limitações corporais. Não são as poses acrobáticas que garantem uma prática de yoga bem-sucedida. Sempre ouvi dizer, de diferentes professores de yoga, que cada postura ou pose tem seu dia. O corpo quer movimentar-se, quem resiste é a mente. Mas, primeiramente, quero retomar rapidamente o que significa a depressão na vida do imigrante recém-chegado ao novo país. E é mais ou menos assim.
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Quando nos movemos a um país cuja infraestrutura é sólida e a economia é saudável parece que encontramos um bálsamo para nossas feridas e outros inconvenientes que limitam nossas possibilidades de progresso pessoal. Nos sentimos cheios de entusiasmo com a mudança. Afinal, isso nos coloca longe de situações das quais não temos controle, como por exemplo, lidar com a violência diária.
Aquele peso de Atlas sai de nossos ombros e assim como o início de um namoro “firme”, olhamos para nosso objeto de desejo com encantamento. Tudo parece funcionar bem a nossa volta, e até os cidadãos locais parecem ser mais educados. Todo mundo fala, cumprimenta – (mesmo no elevador) – e por aí vai. Com o tempo, o encantamento vai cedendo lugar para o oposto disso tudo. Os cumprimentos, agora, parecem ser falsos, umas bronquinhas – de tudo – começam aqui e acolá, e as comparações entre o lugar de origem e o atual tornam-se incessantes. Eu cheguei a ter raiva do noticiário da TV.
Se você vem acompanhando o BPM você já leu muito sobre depressão no processo de imigração. Mas, antes que você desista de ler o meu texto, quero lembrar que este é sobre o que o yoga pode fazer pela sua saúde física, emocional e espiritual.
Inicialmente parece que somos todos ingratos pela grande oportunidade. Nem sequer percebemos como estamos reagindo ao desconforto do incerto. Muitas vezes, é nesse momento que estamos sob a influência secreta da depressão. Ela atua como uma inimiga invisível que fica nos espreitando em nossos momentos de fragilidade e quando menos esperamos ela se apresenta instigando pensamentos indesejados. A maioria de nós vê a depressão como a manifestação de uma tristeza infinita. Mas, não é bem assim. Temos muita raiva, também, e ela é a máscara da tristeza.
Se você mudou-se para outro país ou países provavelmente sabe do que estou falando. Embora isso não seja uma regra é um lugar comum para a maioria. Cada qual trabalha com essa questão a sua maneira e a seu tempo.
O yoga é um sistema integrado de exercícios físicos, ou asanas, respiração e meditação. O que você vai ler, em seguida, é da linha Ashtanga. E o que é isso, Alessandra? Um nome feio? Ashtanga é uma das escolas, assim como Kundaline e Hatha yoga. Ashtanga clássica atualmente é conhecida como Vinyasa, pelos estúdios. Essa prática é representada por uma árvore com 8 ramificações ou práticas que um iogue deve seguir:
1- Yama (cultivar virtudes para viver bem em comunidade)
2- Nyama (aperfeiçoamento, auto-disciplina)
3- Asana (Posturas/exercícios)
4- Pranayama (respiração)
5- Pratyahara (sentidos e mente sob controle)
6- Dahrana (concentração)
7- Dhyana (meditação) Samadhi (Contemplação, o presente da meditação)
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É complexo, né?! Mas, não é impossível. O mercado de yoga popularizou muito bem um dos ramos – asanas, que surgiram há muitos séculos, depois da observação de como os animais se comportavam: se estavam feridos e o que faziam para recuperar-se. A partir disso, surgiram as poses que conhecemos.
Como você pôde ver, cada ramificação trabalha um aspecto do ser. Começa com a auto-observação, asana, concentração e meditação. Tudo isso para dizer que se você se abrir e der uma oportunidade para a prática do yoga de uma maneira mais ampla, vai poder transformar sua vida, assim como transformou a minha.
Quando mudamos o foco para o nosso ser, isso vai propiciar a calma mental necessária, facilitando o despertar para novos interesses, tomando distância da depressão.
Namaste!