Dragobete – o dia dos namorados romeno.
Que fevereiro é um dos meses mais românticos do ano, muitas pessoas já sabem. Isso porque vários países ao redor do globo comemoram o dia dos namorados – ou dia de São Valentim – no dia 14 desse mês. Mas o que muita gente não sabe é que a Romênia também tem sua data própria para celebrar o amor 10 dias mais tarde – no dia 24 de fevereiro (apesar de que a data pode variar de acordo com a região do país, como 28 ou 29 de fevereiro). Essa celebração chama-se Dragobete.
O marco no calendário já vem de muitos anos, e diz a lenda que Dragobete era o neto de Decebalus, o último rei dácio. Para quem não sabe, o povo de Dácia é o primeiro povo a ser mencionado “por um nome” na história da atual Romênia, tendo sido citado em documentos gregos e romanos por volta de 80 a.C. Pois bem, Dragobete, neto de Decebalus, era considerado por alguns como um ser mitológico, meio-homem meio-anjo. Outros o relacionavam ainda à chegada da primavera, considerando Dragobete como o padroeiro dos pássaros, da fertilidade e do renascimento da natureza depois do rigoroso inverno.
Diz a lenda que o dia 24 de fevereiro marca o aniversário de Dragobete, quando festas eram organizadas pelo reino para celebração dessa data tão especial. O costume prosseguiu por muitos anos quando homens e mulheres vestiam suas melhores roupas e encontravam-se em frente à igreja principal das cidades para a festa. Por isso, as festas de Dragobete costumavam ser seguidas de muitos casamentos, de pessoas que se apaixonaram durante as celebrações.
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Ainda de acordo com costumes antigos, meninos e meninas nesta data encontravam-se nas igrejas e iam para as florestas em busca de flores da primavera. Ao meio-dia, as meninas corriam de volta para as vilas, seguidas dos meninos que vinham correndo logo depois. Se o menino alcançava a menina escolhida e essa menina gostasse desse menino, eles se beijariam. Dessa tradição vem a famosa frase romena “Dragobetele saruta fetele”, ou “Dragobete beija as meninas”. Esse beijo na frente de toda a vizinhança indicava o compromisso deste novo casal.
Outras tradições ocorriam pelo país, mas variando de acordo com cada região. Em algumas partes do país, no dia de Dragobete as mulheres casadas deveriam lavar seus rostos com neve para que a primavera as encontrasse alegres e saudáveis. Em outras partes, era costume que a menina mais nova da família deveria comer nesse dia um pão caseiro salgado, feito pela mulher mais velha da casa. Durante a noite, a jovem deveria colocar manjericão embaixo de seu travesseiro antes de dormir. Acreditava-se que, devido ao pão salgado, durante a noite a jovem teria sede e sonharia com um homem lhe trazendo água – este seria seu futuro marido. Aquelas que não sonhassem, infelizmente não se casariam pelos próximos 12 meses.
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Posso dizer que pesquisei muito e aprendi várias coisas sobre essa celebração para que pudesse escrever este texto, e estou considerando seriamente assumir o Dragobete como uma comemoração oficial em meu calendário. Uma das tradições mais interessantes que descobri é que Dragobete tem como objetivo principal celebrar o amor. Por isso, neste dia, as pessoas devem evitar ao máximo reclamar ou chorar. Trabalhos de casa também devem ser evitados e os homens não devem irritar suas mulheres, correndo o risco de perderem o amor, caso façam isso! É ou não é uma ótima chance de viver um dia apenas de paz e amor?
De volta aos dias atuais, são poucos os “não romenos” que sabem sobre o Dragobete, isso porque o dia de São Valentim é muito mais divulgado aqui por ser uma data de comemoração praticamente global. Em Bucareste, shoppings e redes sociais transbordam com propagandas e os restaurantes ficam lotados na noite de 14 de fevereiro. Já o Dragobete fica um pouco de lado nesse sentido, sendo uma data muito menos comercial.
Porém, o que pode ser notado nos últimos anos – e este foi um ponto levantado por vários amigos romenos quando lhes perguntei sobre essa celebração – é que o dia de Dragobete vem timidamente ganhando espaço. Isso porque os romenos são ainda hoje muito ligados às suas raízes, tradições e costumes mais antigos, e apesar de ter passado alguns anos “atropelado” por todo o marketing do dia de São Valentim, o costume do Dragobete vem ganhando força e aos poucos volta a ser celebrado aqui na Romênia.