Na minha publicação anterior, comentei como foi a minha chegada à Eslováquia, mais especificamente em sua segunda maior cidade, localizada ao leste do país.
Por ser um país da União Europeia, a questão da saúde segue o mesmo padrão dos países membros, sendo você obrigado a ter um plano de saúde, como trabalhador ou estudante. Ou seja, foi uma das primeiras providências que tive que tomar, ainda que tivesse meu seguro do Brasil me cobrindo, em caso de emergências ou doenças, durante meu ano de intercâmbio. Além da parte burocrática para o visto, ou residência temporária e/ou permanente.
Mas, hoje, gostaria mesmo de comentar sobre a questão da acomodação na Eslováquia. Acredito que o que mais queremos quando mudamos para outro lugar no geral, principalmente quando fora do nosso próprio país e zona de conforto, é um cantinho para chamar de “meu”.
A verdade é que, não importa onde estivermos, quando há a possibilidade de ter um bom orçamento destinado à acomodação, a procura e o leque de opções ficam mais fáceis e possíveis. E tanto em Košice, quanto em Bratislava, lugares onde morei na Eslováquia, não foi diferente. Acontece que, quando cheguei na primeira cidade, meu cargo era de trainee na empresa em que trabalhava – já dá para imaginar que o salário não era dos mais altos – e eu não conhecia nem viva alma que pudesse não só dividir apartamento comigo, mas também ajudar na dolorosa parte das despesas iniciais, como, por exemplo, o pagamento de dois a três meses de aluguel na forma de depósito, só para poder garantir o primeiro mês na acomodação, além de utensílios que faltam quando se aluga algum lugar novo.
Foi mesmo através de muita procura nas redes sociais e após conseguir fazer um pé de meia, digamos, um pouco mais recheado, que consegui um apartamento, por coincidência, na tão famosa Hlavna Stanica (Avenida Principal), considerada como uma das partes mais agradáveis e procuradas pelos estrangeiros e locais. Dividia espaço com mais duas meninas e um rapaz, porém tendo meu próprio quarto. Ainda assim, quando dividimos acomodação com outras pessoas, claro que os custos não se tornam tão pesados, porém, se não for com algum brasileiro, prepare-se para as diferenças culturais, sem mencionar a questão da higiene, como, por exemplo, a forma que cada um encara como uma prioridade tomar banho todo dia, lavar as suas próprias louças e usar o varal de roupas após cada lavagem de roupas. E não pensem que não eram pessoas consideradas “bem educadas” – dividi casa com estudantes de PhD, além de profissionais com bons cargos, dos mais variados países -, mas o nível de entendimento quanto ao bom senso sobre morar com outras pessoas não necessariamente era dos mais altos.
E, caso haja a vontade de querer mudar de casa, há um aspecto que vale à pena ser mencionado, que seria a dificuldade de se conseguir recuperar o depósito de volta, pago para o(a) proprietário(a) do lugar, no primeiro mês do contrato de aluguel. Já morei em quatro propriedades diferentes e, até hoje, não vi um locador que houvesse me devolvido o depósito, ao menos não sem ter criado briga. Amigos e colegas já haviam me informado de que isso era comum na Eslováquia e que eu deveria me acostumar. Mas, a verdade é que quando você está nesta situação, ainda por cima em outro país, nunca vai ser agradável. Você se sente sem direitos e não há quem o vá defender, a não ser através de meios legais. Já vi casos em que o proprietário sumiu até mesmo da cidade, por umas semanas, só para não encontrar uma amiga. Outra situação em que o locador cobrou 4x mais o valor de pequenos reparos feitos ao longo da locação, e quando uma colega pediu pelos recibos para comprovar aqueles valores, o dono do local disse que, no contrato, não havia esta cláusula, não sendo ele obrigado a provar nada. Já que é assim, meu conselho seria tirar fotos quando alugar um novo lugar. Pode parecer bobo, mas já me ajudou em uma situação de confrontação com a proprietária do meu apartamento anterior.
Naturalmente, haverá leitores que não tiveram essa má sorte toda, e que conseguiram achar algo que fosse conivente com o custo x benefício do local – e, assim espero, que as experiências negativas sejam menores do que as boas – mas, como estrangeira, e sem haver contatos em ambas as cidades que residi, foi o que vivenciei e o que vi ao meu redor acontecendo.
Geralmente, na Eslováquia, as pessoas locais optam mesmo por morar fora das zonas centrais das cidades, por conta dos preços não tão altos assim, e para evitar estes pequenos golpes “para pegar estrangeiros”. Daí, sinceramente, vai da escolha de cada um entre querer um lugar mais pacífico, ideal para famílias, ou querer ficar perto de onde as opções de lazer geralmente se encontram. Boa sorte!
2 Comments
Oi voce poderia me informar mais ou menos quanto custa um aluguel na Eslovaquia?
Olá Gracieli!
A Ana Carolina Pertot parou de colaborar conosco e, infelizmente, não temos outra colunista morando no país.
Obrigada,
Edição BPM