A crise argentina não é nenhuma novidade, tampouco os altos índices de inflação e as variações constantes dos preços que dela decorrem. Se houve um tempo em que a visita à capital porteña significava uma oportunidade para fazer compras, a realidade hoje é a de que na maioria das vezes essa prática não vale mais a pena. Para aqueles que vivem em Buenos Aires, as oscilações dos preços apresentam-se como um grande desafio à adequação do orçamento, já que os salários, em muitas vezes, não acompanham a velocidade dos aumentos.
Há, porém, uma forte cultura do desconto: são milhares de ofertas, clubes de benefícios, convênios e liquidações durante todo o ano. Em praticamente todos os supermercados há cartão fidelidade que dá acesso a descontos; parcerias com bancos para reembolso de parte da compra, promoções 3×2, 4×3, 70% off na segunda unidade…, enfim, queimão para nenhuma fanática por descontos colocar defeito! Restaurantes, agências de viagens, lojas, hotéis e quase todos os negócios oferecem algum tipo de desconto. Como consequência, eu, e a maioria dos que vivem aqui, acabamos condicionando as compras às ofertas e, assim, podemos fazer contrapeso e fechar o mês com equilíbrio. Muitas vezes deixamos de comprar algo menos urgente para esperar a promoção, já que certamente ela ocorrerá em breve.
Se, por um lado, as promoções parecem muito atrativas, por outro, questiono até que ponto constituem algo realmente positivo, pois penso que seria melhor ter menos descontos e preços fixos mais baixos. No entanto, enquanto o sistema de venda/compra é regido pela cultura do desconto, deixo abaixo dicas de como aproveita-la e driblar o aumento dos preços!
Supermercados
A maioria oferece 15% de desconto através do cartão fidelidade, que pode ser obtido a partir de um cadastro gratuito. Os 15% são aplicados em um ou dois dias da semana, variando conforme a rede e o mês. Além disso, de sexta a domingo, esses estabelecimentos lançam semanalmente promoções relâmpago, com ofertas de 2×1, 3×2, 4×3 e 6×4, além de 50, 60 ou 70% off na segunda unidade. Também oferecem 25 a 40% de desconto em linhas de produtos (por exemplo, 40% off em vinhos finos, 30% off em iogurtes, etc). Para aqueles que possuem máquina Dolce Gusto, é válido esperar o “70% off na segunda unidade” para comprar maior quantidade e estocar, já que esse desconto costuma aparecer a cada dois meses, pelo menos.
Jumbo/Disco: através de cadastramento gratuito, o cliente recebe o cartão Jumbo+, que oferece descontos de 15% em dias determinados, além de descontos para o pagamento realizado com cartões de determinados bancos, para aquelas pessoas que já estão aposentadas e para aqueles que são pensionistas. É comum, também, receber vouchers de desconto quando se realiza uma compra, que podem ser desde cupons para serem usados em outros locais (delivery e sorveteria, por exemplo), até para usar no próprio supermercado.
Coto: cadastramento gratuito para o recebimento do cartão Comunidad Coto. Desconto de 15% duas vezes por semana e promoções para aqueles que apresentem o cartão Club La Nacion, além de descontos para o pagamento realizado com cartões de determinados bancos, para aquelas pessoas que já estão aposentadas e para aqueles que são pensionistas.
Carrefour: oferecem 15% de desconto com Tarjeta Carrefour e benefícios com bancos, Clarín e outros grupos. Também entregam vouchers ao final de uma compra para que sejam usados na seguinte.
Dia: oferecem gratuitamente o cartão ClubDia, através do qual o cliente tem acesso a descontos exclusivos em determinados produtos e cupons personalizados.
Clube de descontos de jornais
Os dois principais jornais do país, Clarín e La Nación oferecem aos seus assinantes um cartão que dá acesso a um extenso clube de descontos. Para exemplificar, a assinatura básica do La Nacion, que dá direito a receber o jornal todos os sábados e o cartão Premium, custa $160 pesos por mês (para os meses com 4 sábados) e os descontos chegam a 50% em restaurantes, teatros, lojas, clínicas estéticas, salões de beleza, hotéis, passagens aéreas e fluviais, cinema, academias e tantas opções mais. O pagamento da assinatura é realizado com cartão de crédito ou débito e é uma excelente opção para aqueles que não possuem conta bancária no país, mas mantém um cartão de crédito internacional.
Clube de descontos de bancos
A oferta dos descontos é muito parecida com a dos jornais, com a diferença de que alguns são obtidos através de reembolso na conta, ou seja, se uma compra dá direito a 200 pesos de desconto, o pagamento será integral e o banco irá devolver esses 200 pesos posteriormente. Além disso, possuem clube de pontos, que podem ser acumulado e trocados, como as milhas, por descontos, produtos e serviços. Para aqueles que ainda não possuem conta bancária e pretendem abrir uma, considero válido analisar, além do pacote de serviços oferecidos, quais benefícios o banco oferece.
Passagens aéreas
Não diferente do Brasil, as companhias aéreas sempre fazem promoções de voos nacionais e internacionais. A dica é seguir as páginas da Aerolíneas Argentinas, Latam e Andes para ficar por dentro das ofertas! Outra página excelente, no modelo da Melhores Destinos no Brasil, é a Turismocity.
Shoppings
Além das tradicionais ofertas de final de temporada, há descontos esporádicos provenientes de parcerias com bancos ou bandeira de cartão. É importante verificar as lojas participantes, já que é bem variável a adesão de cada comércio.
Considerações finais
As promoções e descontos apresentados são exemplos e costumam variar de acordo com a semana e o mês. Há uma infinidade de outros benefícios, que vão sendo descobertos na medida em que se faz necessário buscar um produto ou serviço. O importante é entender que quase sempre há um desconto envolvido e, portanto, antes de comprar algo é válido investigar se alguma promoção se aplica. A inscrição em clube de benefícios pagos, como os de jornais, só valem a pena se o uso do cartão envolve descontos que somam um valor superior ao da assinatura que se paga. No mais, boas compras!
1 Comment
Hola , soy argentino , acá las promociones son una mentira, hay manipulación de precios a antojo de los comerciantes y el gobierno mira para otro lado , producimos alimentos para 400 millones de personas y somos un pais con extrema pobreza, una pena