Jackson Heights é um dos bairros com maior diversidade cultural dos Estados Unidos e do mundo. Uma dica turística alternativa!
Passear por suas ruas de lojas coloridas é ter um gostinho das montanhas do Himalaia, do sul asiático e da América Latina. Tudo a poucos metros de distância.
O cheiro do curry indiano se mistura com o da pimenta peruana, o do churrasco uruguaio, o da arepa colombiana, da sopa vietnamita e dos tacos mexicanos. O melhor? A comida aqui é menos da metade do preço de Manhattan e é muito saborosa.
O ideal é vir no fim da manhã, perto da hora do almoço, para aproveitar a variedade de restaurantes e ver o burburinho das ruas. O bairro tem cerca de 25 quarteirões e é um paraíso para os aventureiros do paladar.
Para quem vem a passeio a Nova Iorque, a região fica fora do circuito turístico tradicional, que se limita a Manhattan e à parte mais frufru do Brooklyn. Mas Jackson Heights está a 30 minutos da Times Square e é bem servida pelo transporte público. Para chegar aqui, pegue o metrô E, F, R, M ou 7 com direção ao Queens e desça na estação Roosevelt Avenue/Jackson Heights.
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O bairro é formado essencialmente por imigrantes. Principalmente colombianos, equatorianos, argentinos, indianos, paquistaneses, tibetanos, tailandeses, nepaleses e bengaleses. Dizem que 167 línguas e dialetos são falados na região, que tem mais de 100 mil moradores.
Uma entidade gastronômica aqui é o momo, uma espécie de ravioli gigante, com recheio de vegetais ou carnes, típico do Tibete e do Nepal.
Há vários carrinhos de comida que vendem a iguaria, mas um dos melhores lugares para experimentar chama-se Lhasa Fast Food. O restaurante é pequeno, não tem letreiro chamativo do lado de fora e fica praticamente escondido entre duas lojas de telefones celulares. O serviço é lento e está sempre cheio, mas confesso que a demora vale cada minuto!
Onde fica: 37-50 74th St, Queens, NY 11372
Se você quiser explorar mais a gastronomia do Himalaia, pode provar o gyuma, uma linguiça especial feita de cabra, ou o thenthuk, que é uma sopa típica tibetana com muitas verduras, uma massinha tradicional e carne. Também há a versão vegetariana do caldo. São dezenas de restaurantes pertinho da saída do metrô expresso e garanto que em qualquer um deles a qualidade do sabor está garantida.
Na mesma área fica a Little India, que é uma pequena porção do país aqui em Nova Iorque. Joalherias e lojas de saris (roupa tradicional indiana) dividem espaço com padarias, salões de beleza, lojas de brinquedos, restaurantes e um supermercado chamado Pathel Brothers. Vale a pena entrar e percorrer os corredores para ver verduras e outros produtos exóticos para nós, brasileiros. Também é uma boa para quem gosta de comprar temperinhos e henna para tingir o cabelo por um bom preço.
Na rua 73, estão a Little Pakistan e a Little Bangladesh, também com padarias e restaurantes típicos desses dois países. Vale a pena experimentar os doces coloridos com um masala chai, um chá com especiarias e ervas aromáticas.
A partir da rua 77, o idioma oficial é o espanhol! Vale a pena provar a almojabana, uma espécie de pão de queijo colombiano que tem um sabor adocicado. Tem uma boa no restaurante Seba Seba, típico do país. Para carne, Chivito D’oro vende bons bifes uruguaios.
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Mas o bairro nem sempre foi esse caldeirão de culturas. No início do século XX, Jackson Heights era parte da zona rural de Nova Iorque.
O primeiro prédio foi construído em 1911. Em 1917, quando construíram o metrô elevado (linha 7) em uma das principais avenidas do bairro, tudo mudou. A linha passou a conectar a região rapidamente ao coração da cidade. Como o acesso ficou mais fácil, muita gente se mudou para esta parte do Queens.
A maioria das pessoas que vieram pra cá, inicialmente, eram de classe média alta. Buscavam uma vida mais tranquila, diferente da correria de Manhattan.
Mas foi só nos anos 60 que Jackson Heights atraiu imigrantes e o bairro passou a abrigar pessoas de diferentes estratos sociais.
O bairro foi erguido nos modelos de cidade jardim, concebido pelo Ebenezer Howard, no fim do século XIX na Europa. A ideia era ter uma comunidade cercada por um cinturão verde.
O plano original não foi pra frente. Hoje o bairro tem poucos parques públicos e uma fila interminável de prédios de tijolinhos típicos de construções prévias à Segunda Guerra Mundial. Mas as áreas verdes ainda permanecem nos jardins internos e privados de alguns prédios. Uma vez por ano, os edifícios abrem esses espaços para visita, normalmente no mês de junho.
Por ser um bairro essencialmente residencial e tombado como patrimônio histórico, é melhor visitar Jackson Heights durante o dia. Mas, um conselho importantíssimo: venha de barriga vazia!