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    Home»A Mulher na Sociedade Pelo Mundo»Mutilação Genital feminina no Quênia
    A Mulher na Sociedade Pelo Mundo

    Mutilação Genital feminina no Quênia

    Daniela MilaniBy Daniela MilaniJuly 27, 2017Updated:July 27, 20173 Comments5 Mins Read
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    Confesso que escrever sobre o tema deste mês me deu muita tristeza e medo. Iniciarei uma série de textos sobre a mulher na sociedade queniana e digo que serão textos tristes e pesados de serem lidos, mas esta é a realidade e, infelizmente, não agrada a todos. Começo com a Parte 1: mutilação genital feminina.

    O tema da circuncisão feminina apareceu para mim quando estava lendo o jornal em fevereiro. O artigo dizia que o governo havia proibido a prática de FGM (em inglês Female Genital Mutilation) e que as taxas desta atividade haviam caído de 38% das mulheres para 21% das mulheres. A matéria dizia que o governo estava contente porque “apenas” 21% das mulheres quenianas estavam sendo circuncidadas. Fiquei chocada. Para mim era algo que já não se fazia há muito tempo ou que se fazia apenas em locais longínquos. Então, lembrei que vivo em um lugar longínquo e que preciso contar isso para quem possa ler.

    Vou explicar em linhas rápidas o que seria isto. Como o próprio nome diz, é a remoção da genitália externa feminina, mais precisamente o clitóris. A remoção é feita por mulheres “especialistas” neste ato. É feita por ordem dos pais, do chefe da tribo ou ancião da vila, que em época de “corte”, promovem uma verdadeira caçada às meninas, que muitas vezes tentam fugir sem sucesso.

    O processo inicia-se raspando os cabelos das meninas. Uma forma de mostrar para todos que esta mocinha está apta para ser negociada e vendida como uma boa esposa. A “cirurgia” é feita a partir da puberdade da meninas. Elas são levadas para os “quartos de corte”, quartos de chão batido, com cordas para amarrá-las, mordaças e um plástico no chão. O corte é feito sem nenhum tipo de anestésico ou prévia assepsia. Usam uma faca ou mais comumente uma lâmina de barbear que irá ser reaproveitada várias vezes. Após o corte, é jogado sobre a ferida sangrenta álcool, pois acredita-se que ajuda a estancar o ferimento. Não é preciso nem falar que não existirá sutura ou remédio para aliviar a dor.

    Muitas meninas morrem de tanto sangrar ou de infecções causadas pelo corte.

    São vários os motivos que alimentam a cultura da circuncisão aqui no Quênia. A mulher circuncidada vale mais na data do casamento, que é quando normalmente se paga o dote para as famílias da noiva. A mulher que passou pelo procedimento vale muito mais que a mulher que não. O motivo seria que a mulher circuncidada se manteria muito mais fiel ao marido polígamo ao qual ela foi entregue, uma vez que não sentiria desejo por outros homens. Portanto, a circuncisão funciona como um cinto de castidade cruel, condenando milhares de mulheres à escravidão de um casamento infeliz e à falta de prazer sexual.

    Escutei de uma mãe que ela era a favor de circuncidar sua filha, pois acredita que a genitália da mulher é suja e feia, portanto, se removida terá um aspecto mais bonito e será mais higiênico. Além disso, a filha não iria querer ir atrás de garotos e, consequentemente, perder a virgindade antes do casamento, o que para muitos é algo inaceitável. Não porque alguém se preocupe com gravidez indesejada ou doenças sexualmente transmissíveis, mas sim, porque o valor negociado no dote da menina cai drasticamente se ela não for mais virgem. Os casamentos em algumas tribos aqui do Quênia são arranjados normalmente quando a menina tem em torno de 6 e 7 anos. Nas cláusulas da negociação estão inclusos o valor a ser pago pelas meninas e a exigência da circuncisão e virgindade.

    Em todo o Quênia se juntam esforços para banir a Mutilação Genital Feminina. O governo desde o ano passado considera esta uma prática ilegal. Acontece que é algo muito difícil de ser banido, pois é algo realizado de forma escondida e com a anuência da família e de pessoas influentes.

    Os políticos e deputados têm medo de se posicionarem contra este costume publicamente, pois têm medo de perder votos e influência. Os meios de comunicação do Quênia fingem que isso não existe e quando perguntamos às pessoas, elas dizem que já ouviram falar, mas não aqui perto, sempre tratando de tapar o sol com a peneira e fingir que isso não acontece. Portanto, apesar de ser ilegal, muitas autoridades ainda fazem vista grossa para isso e a sociedade finge que ignora.

    Existem casas abrigo para meninas que fugiram de casa para não serem circuncidadas. São casas lar que acolhem, ajudam com a educação e comida às meninas que conseguiram escapar de suas casas, locais mantidos por iniciativa privada e com ajuda de algumas igrejas. As meninas sabem que estão condenadas a um exílio de seus lares, pois uma vez que retornem às suas vilas serão mutiladas. Graças à sua rebeldia são condenadas a viverem longe de sua família como órfãs de pais vivos.

    A solução para dar fim à esta prática seria a educação.  Forçar que não abandonem a escola e condenar o casamento de menores de idade. A educação nas escolas, quem sabe dará um futuro melhor para estas meninas que têm seus sonhos cortados com uma lâmina de barbear. A mudança de mentalidade dos pais é algo primordial para que isso não se perpetue. Isso só irá acontecer quando todo o mundo souber o que acontece na calada da noite nas vilas quenianas e há duas grandes ferramentas: educação e informação.

    A ilegalidade da prática é um reconhecimento gigantesco pelo governo do Quênia de que estas práticas existem, facilita também a divulgação desta violação dos direitos da mulher, apesar de não solucionar o problema mas, sem dúvida, é um primeiro passo para que possamos falar, divulgar e tentar coibir essa prática secular das sociedades tribais.

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    mutilação genital feminina Quênia
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    Daniela Milani
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    Daniela é de Curitiba, empresária e cirurgiã-dentista formada pela Universidade Estadual de Londrina. No início deste ano ela topou o desafio de mudar de continente com o marido, três filhos e um cachorro. Atualmente mora em Nairóbi no Quênia e, apesar de não trabalhar em Nairóbi, continua administrando sua clínica odontológica em Curitiba através da internet.

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    3 Comments

    1. Karina on July 28, 2017 6:33 am

      Daniela, muito bom o seu texto. É um tema triste e revoltante. Machucar o corpo (e a alma, se me permite dizer) da mulher para não ter prazer em trair. Só muito trabalho de conscientização, mas de qualquer maneira demora muitos anos (até talvez gerações) para mudar uma cultura tão enraizada. Espero que um dia consigam.

      Reply
      • Daniela Milani on August 2, 2017 4:36 pm

        Realmente algo muito triste,infelizmente as pessoas não sabem que isso existe nos dias de hoje, a cultura da mutilação precisa parar e precisamos falar. Não só na África, obviamente, mas como vivo aqui é algo que vejo com bastante clareza, mas isto existe em diversos lugares do mundo e, inclusive aqui, algumas pessoas acreditaram que era mentira e que fiz o texto para atrair publicidade (oi?!?). Enfim, obrigada pelo seu comentário, compartilhe em seu facebook para que mais pessoas possam saber. Um beijo

        Reply
    2. Alexandra Cruz on August 7, 2018 8:35 pm

      Nossa muito triste o que fazem com essas meninas, não tenho nem palavras para expressar minha angústia em saber que existe esse tipo de coisas nos dias de hj, parabéns pelo seu texto e por VC deixar aqui uma informação que fala de algo tão cruel que acontece no Quênia, mas que deve ser aniquilada totalmente.

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