O direito e o prazer da pausa.
Conhecer um museu é uma experiência enriquecedora e demanda o uso de vários sentidos, principalmente se for o Guggenheim de Bilbao, Espanha.
A uma certa distância é possível avistar sua arquitetura brilhante pelas superfícies de titânio curvadas que podem lembrar escamas de peixe. Do átrio central, com seus 50 metros de altura, podemos ver as curvas se interligando como uma flor ou artérias do coração…ou talvez o museu de Bilbao seja uma expressão da corrente arquitetônica desconstrutivista.
Mas, com certeza, o genial Frank Gehry estava muito iluminado quando idealizou esse projeto. É mágico caminhar pelas salas, deslizar entre colunas curvas, subir e descer escadas; ainda mais visualizando um acervo riquíssimo de Andy Warhol, Monet e tantos outros artistas geniais. Tudo isso monitorado por um guia que te acompanha explicando cada obra, como um gravador portátil.
Pode-se dizer que esse museu é um projeto cultural muito bem sucedido, por dentro e por fora; e, por sorte dos nossos sentidos é proibido fotografar as obras. Sendo assim, somos “obrigados“ a nos deliciar totalmente. Mas, talvez, por isso mesmo foi preciso pausar. E um momento de pausa é também um momento de respiro para absorver tanta informação e sensação.
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Pausar, desacelerar, descontinuar, por que não? Pausar para descansar, pausar para contemplar, pausar para pensar, pausar para refletir, pausar para incorporar…., pausar.
As pausas reconectam os pensamentos e renovam as forças. Afinal, já disse um dia o poeta Carlos Drummond de Andrade: A VIDA NECESSITA DE PAUSAS. Muitas pessoas quando viajam parecem não se permitir pausar; afinal, o dólar e o euro são caros, um pouco como dizer o famoso refrão – tempo é dinheiro.
Essas pessoas não conhecem Mauricio Bastter e o seu pequeno manual disponível para download gratuito. Ele ensina que uma das principais atribuições do dinheiro é comprar PAZ, principalmente quando já se é aposentado.
Mas, talvez por isso mesmo algumas pessoas tem certo receio de aposentar. Tenho algumas amigas que não se aposentam com medo da depressão, do vazio, do tédio…
A antropóloga Mirian Goldenberg, inspirada em Simone de Beauvoir, acredita na possibilidade de construir o que chama de BELA VELHICE através de um projeto de vida que nos motive cada vez mais, encarando e vencendo desafios e de preferência conquistando mais liberdade, almejando a felicidade e aceitando a idade, buscando um significado elevado para a vida.
Acredito que viajar pelo mundo é tudo isso: buscar novos significados através do conhecimento
de novas culturas, novos sabores e novos desafios. PAÍSES SÃO LINHAS IMAGINÁRIAS PARA TE EXPLORAR (Bastter).
Mas voltando ao museu de Bilbao, percebi que depois que sentamos no sofá, por alguns instantes,
para contemplar, outras pessoas passaram a fazer o mesmo. Fica a dica: pausar pode ser tão prazeroso quanto acelerar.
Então, recomendo dormir em Bilbao ao invés de ir embora para San Sebastian, por exemplo, destino mais procurado e, por isso, mais movimentado e caro. Em Bilbao, quase escolhi ficar em um apart hotel com cozinha, mas acabei optando por um ótimo hotel perto do centro histórico. Recomendo-o pelo custo-benefício. O Hotel Gran Bilbao é muito espaçoso, tem estacionamento e um ótimo café da manhã com comidas saudáveis.
Foi uma boa escolha porque não havia supermercado perto, mas, por outro lado, é possível caminhar até o agradável Casco Viejo, o centro histórico. À noite, é possível encontrar muitos restaurantes na praça central do centro histórico que possuem tapas, vinhos e cerveja artesanal. É bastante animado e casual.
Escolhas, boas escolhas …
‘’Cada um de nós é o único autor e o único responsável por construir passo a passo a própria
velhice.” (Mirian Goldenberg , do livro – A bela velhice).