O que eu não gosto na Argentina.
Há alguns meses fiz um post com os 10 motivos que me fizeram – e fazem – escolher Buenos Aires, na Argentina, para viver. Mas, como nem tudo são flores, hoje venho te contar quais são as coisas daqui que mais me tiram do sério.
(1) Péssimo atendimento
Sim, é fato, aqui – como bem disse a colunista Sara, no link abaixo – o cliente quase sempre NÃO tem razão. Ser mal atendido é hábito e se você reclamar, piora. Ah, e não se esqueça da gorjeta no final. Não importa quantos desaforos você ouviu, tem que ser de 10% no mínimo.
(2) Acumuladores (e não reconhecem isso)
Argentinos em geral não jogam NADA fora. Pode ser velho, pode estar quebrado, pode estar estragado, manchado, mofado, furado, embolorado e ainda assim não vai para o lixo. As desculpas são “tem valor sentimental” ou “ainda posso precisar”. Típico de acumuladores que não admitem o transtorno.
(3) Equipamentos velhos, quebrados e às vezes faltando pedaços
Ainda relacionado ao item anterior. Em muitos lugares você encontrará algum equipamento velho ou quebrado ou faltando pedaço. Na clínica onde faço fisioterapia o espelho está pela metade e a bicicleta com a pintura descascada. Na casa de uma conhecida, o liquidificador (que já nem se vê mais o conteúdo tamanha a mancha no copo de plástico), se tampa com um prato.
(4) Tudo é complexo
As pessoas por aqui costumam pensar e analisar demais qualquer situação. Tem horas que isso ajuda, mas tem horas, que “peloamor”, né? Vamos comprar um sorvete? Ôba, vamos! Onde? Daí vem uma dissertação de mestrado sobre sorveterias e sabores. E quando a pessoa termina eu já até me esqueci do que estávamos falando. Era sorvete, não era?
(5) Responder perguntas o dia inteiro
Não sei o que acontece, mas tenho a impressão que quanto mais estrangeiros chegam em Buenos, mais curiosos ficam os portenhos. É só falar a primeira palavra em castelhano – com sotaque – que vem, logo em seguida, a chuva de perguntas. E são pelo menos “você é de onde?”, “por que veio para cá?”, “o que está fazendo aqui?”, “gosta daqui?”, “por que saiu do Brasil?”, “come feijão preto, né?”. Responder uma vez, ok, mas mais de três por dia e por mais de anos, já deu para ficar com preguiça.
Leia também: atendimento ao público na Argentina
(6) Querem sempre ter razão
Como pensam e analisam muito, argentinos e argentinas se preparam muito para entrar em um discussão (no bom e mau sentido da palavra). Quem tiver mais argumentos bem fundamentados deveria vencer, certo? Por aqui, nem sempre. Cada um defende seu ponto de vista com tanta paixão e veemência que às vezes é mais fácil dizer, “ok, você tem razão”. Se não a discussão pode durar uma eternidade. Aliás pode ser motivo de rompimento entre amigos, casais e familiares.
Por isso eu digo, faça de tudo para evitar uma briga. Mas se mesmo assim não der, é só dizer que o outro está certo (mesmo não estando). Que tudo termina logo. E vai por mim, seguir nesse confronto seria um desgaste tão grande de energia que não vale a pena.
(7) Não pedem desculpa
Como sempre querem ter razão, raramente pedem desculpas…
(8) Vão trombando em você pela rua (e não pedem desculpa)
Ou você desvia ou vai tomando umas trombadas de bolsa, de gente, de carrinho de bebê. Nos dias de chuva então, sai de baixo. Isso acontece na maioria das vezes em calçadas de avenidas mais movimentadas e em transportes públicos na hora do “rush”.
(9) Impontualidade e falta de compromisso
Chegar 15 minutos tarde é básico. Dizer que está esquina e chegar meia hora depois, também. Festa e balada, só depois de uma hora ou duas. Sair para jantar até 40 minutos atrasado, tudo bem.
Dizer que vai fazer e não fazer. Dizer que vai aparecer e não aparecer. Dizer que vai entregar e não entregar. São algumas das situações nas quais tive um pouco de dificuldade de entender que o sim significava não. Às vezes as pessoas te dizem sim só por educação, mesmo sem poder cumprir depois o acordado.
(10) Cumprimentar com beijo e abraço quando estão doentes
Ok, legal tanto carinho. Argentinos se beijam e abraçam o tempo todo, no começo era estranho, agora até acostumei. O problema é que fazem isso mesmo doentes. Já nem sei quantas vezes eu fiquei gripada ou quase tive conjuntivite por causa desse hábito. Assim não dá né?
7 Comments
Poxa, desde 2010 tenho amor pela Argentina e já são mais de 5 anos vivendo, trabalhando e empreendendo nesse país e discordo com boa parte do que foi argumentado. O fato de eles serem diferentes no trato não significa que eles são mal educados. Trabalho tanto no âmbito público como no privado e discordo de que eles tenham essa “mania” de serem acumuladores e de ter o costume de manter equipamentos quebrados no ambiente.
Argentinos e brasileiros são muito parecidos na questão da pontualidade e inclusive já ouvi muita reclamação de argentino em relação ao horário de começar as reuniões, dizendo que os brasileiros estão sempre atrasados …
Enfim, acho que estas percepções são mais relacionadas ao ambiente em que quem escreveu vive do que de fato um relato de como é viver com argentinos.
Quanto ao atendimento nas lojas e cafés, vou concordar um pouco.
Saludos 🙂
Oi Gisele, tudo bem?
Que bacana que você escreveu 😉
Então, tudo o que foi dito é baseado na minha experiência e opinião. Você está certa, não se pode generalizar. Só quis listar os percalços mais comuns que encontro no meu dia-a-dia e me incomodam um pouco.
Em momento algum disse que os argentinos são mal educados, ao contrário, para mim são super bem educados, só a maneira de atender é que é grosseira, ríspida e para brasileiro isso não é legal.
Sobre “acumular” vem da minha experiência profissional e pessoal. Frequentei alguns lugares bem caoticos e com bastante coisa que facilmente seriam descartadas. Mas óbvio que podem existir pessoas que não sejam assim.
Quanto à pontualidade, não sei de onde você é no Brasil, mas de onde eu venho não é costume chegar atrasado. Por isso os atrasos daqui me impactaram um pouco.
E fala a verdade, andando pelo centro antigo de Buenos (seja a trabalho ou numa consulta médica) você nunca entrou num edifício com a parede embolorada, ou descascando ou com um elevador que não funciona?
Sucesso! 😉
eu penso que muitos dos argentinos nao gostao do povo brasileiro
Exagero demais
Oi Célio, tudo bem?
Fico feliz em saber que sua experiência por aqui tem sido bastante tranquila. Quem sabe você não me ensina um pouco como lidar com situações desagradáveis e eu possa melhorar?
Sucesso! 😉
Como turista, vejo q no geral eles são bem mal educados. Tirei esta conclusão com base em todas as experiências q tive na Argentina. Tive esta mesma percepção no comércio do Uruguai. Me senti bem e feliz com o atendimento ao turista no Chile, Bolivia e Peru.
Oi tudo bom?
Então, os argentinos até que são muito bem educados, a questão mais difícil é que muitos “portenhos” (nascidos na cidade de Buenos Aires) são ligeiramente grosseiros. E são assim com todos, não só com os brasileiros. Aqui em Corrientes isso não acontece.
😉