Nas próximas linhas quero compartilhar com vocês um pouco da minha história de imigrar em família e o que utilizamos para tomar as decisões de mudar.
História Pessoal
Muitas pessoas me perguntam como imigrei de forma legal e como foi todo esse processo. Esse texto é um testemunho e é pra vocês que, como eu, sonham (ou sonhavam) em morar fora e nunca entenderam o porquê desse sentimento de não pertencer a algum lugar fixo e de querer sair e conhecer o mundo.
Quando meu esposo recebeu a proposta de sairmos do Brasil, em nenhum momento eu imaginei que seria nas circunstâncias que viemos.
Em 2015, com uma filha de 4 anos, começamos a pensar em mudar de país para poder praticar um novo idioma e conhecer outra cultura. Na verdade tínhamos uma vida estruturada, com casa própria, carro, escola boa, não pensávamos em ter outro filho e queríamos apenas viajar com mais frequência. Mas, por causa da crise política que o Brasil começou a enfrentar, a empresa onde meu esposo trabalhava começou a ter alguns problemas, a angústia para sair da rotina e o medo de sermos tomados pela crise nos ajudou mais ainda nessa decisão e vontade. Claro que mal sabia eu sobre o que era ser expatriada mas, como já abordei em outros textos meus, a vontade de morar em outro país sempre esteve comigo. Sonhávamos com Austrália, Canadá, Nova Zelândia, o amado Estados Unidos, Inglaterra e Itália.
Participamos de alguns processos, mas nada andava pra frente. Comecei cursos de inglês pra tentar aplicar para países que tinham ofertas para famílias, mas infelizmente nada dava certo.
Em fevereiro de 2016 descobri minha segunda gravidez e realmente pensei que seria impossível realizar essa empreitada. O tempo foi passando, eu continuei no curso de inglês, não desisti mas não tinha muitas expectativas e a realidade não ajudava muito.
Em Setembro de 2016 minha segunda filha nasceu e no mesmo mês, apareceu uma oportunidade para que meu esposo aplicasse, na própria empresa onde trabalhava, para uma vaga no exterior. Tivemos três opções de países: Estados Unidos, México e um outro país no Oriente Médio.
Claro que eu orei com todas as minhas forças para que Estados Unidos fosse o lugar, mas não era. Um mês depois, em outubro de 2016, meu esposo foi aceito para fazer mais entrevistas no México e em novembro estávamos aceitando as propostas que recebemos. Isso com minha bebê recém nascida de 2 meses, numa cidade na fronteira com os Estados Unidos (de verdade estou a 5 minutos da Califórnia). Sempre brinco que Deus tem ótimo senso de humor, me colocando a 10 minutos do país onde eu sempre sonhei em morar. Mas hoje entendo perfeitamente Seus motivos e planos.
O processo foi bem rápido, em apenas três meses aplicamos, fizemos entrevistas, discutimos a proposta, aceitamos e viajamos.
E em Janeiro de 2017 partíamos para Mexicali, no México, meu esposo, eu e minhas filhas, uma com 6 anos e outra com 3 meses de idade. Ou seja, no momento em que pensávamos que isso não aconteceria, porque estávamos com uma bebê recém nascida, foi quando o que mais sonhávamos aconteceu.
Acredito que nos momentos de maiores crises, é que a gente se reencontra por dentro e entende o porquê de terem acontecido tantas coisas em nossa vida, nos preparando para um caminho novo, além daquilo que sonhamos. É quando parece que estamos andando pra trás, mas na verdade estamos pegando impulso pra ir adiante.
Leia também: Como aceitar a nova cultura
Decisão
Para tomar a decisão de viver em outro país, apesar da vontade de ir, foram muitos dias sem dormir e muito choro de desapego em todas as áreas. Mas colocamos na ponta do lápis tudo que deveria ser analisado. Claro que isso se relaciona com a nossa realidade, mas creio que pode ajudar, com as devidas adaptações, as propostas que cada um de vocês tem.
Compartilho aqui uma lista que colocamos no papel, de itens para tomar a decisão da nossa vida, tanto financeiros como estratégicos, que devem ser levados em consideração.
- Salario igual ou superior
- Valor de escola
- Valor de cursos (Artes, música, dança, idiomas..)
- Valor de carro
- Valor de aluguel ou compra de uma casa
- Mercado
- Shopping
- Lazer e viagens
- Plano de saúde
Perguntas que vocês podem discutir em família:
- O salário sendo igual ou superior te permite uma melhor qualidade de vida?(Isso é muito importante, não pela grana em si, mas por todas as coisas que você terá que enfrentar como imigrante. Ter que passar por problemas financeiros longe de sua terra natal e de sua rede de apoio, vai se tornar, com certeza, um problema muito maior do que enfrentar isso no seu país).
- Férias: quantos dias?
- Tem participação de lucro?
- Qual o tipo de visto que será aplicado para a família?
- A empresa vai fazer todo o processo de imigração?
- A empresa vai pagar passagens para a família?
- A empresa vai pagar para a família estudar o idioma local?
- Transporte? Necessita de carro? Quantos?
- Da pra morar perto da escola ou perto do trabalho?
- Segurança da cidade, é necessário morar em um condomínio fechado?
- Como é a saúde? Médicos? Dentistas?
- Necessita de vacinas especiais?
- Clima da cidade?
- Casa mobiliada ou compra de móveis?
- A escola dos filhos é bilíngue? Aceita bem os imigrantes?
- A esposa pode trabalhar no país? Como validar seu diploma?
- As crianças têm possibilidades de desenvolver capacidades que não teriam condições em seu país?
Essa é uma ideia de tópicos que podemos conversar e discutir para tomar a melhor decisão em família. Essa lista nos ajudou a pensar o que era melhor pra nós e espero que, de alguma forma, possa te ajudar também.
Boa imigração pra você!