Réveillon na França.
Para uma pessoa como eu que tem como referência de ano novo o Rio de Janeiro, fica difícil falar do ano novo francês. Mas vamos lá!
Não posso dizer que aqui é melhor ou pior do que no Rio, só é diferente, outra perspectiva, outra maneira de comemorar. Pelo menos no meu ponto de vista. Talvez tenha a ver com o clima: no Brasil é verão, e aqui inverno. Passar a noite na rua com um frio que pode chegar a valores negativos dependendo da região, não é nada agradável.
A imagem que tenho do ano novo é festa, fogos, todos de branco, praia. Aqui até tem festa, raramente tem fogos e a maioria das pessoas veste preto, inclusive crianças pois é elegante e sinônimo de roupa de gala.
Se você quiser ver fogos de artifício na França, venha em julho/agosto. Principalmente no 14 de julho que é a festa nacional. Tem fogos em praticamente todas as cidades.
Quando se fala do Ano novo na França a primeira pergunta que as pessoas fazem é: como é em Paris? Vale a pena? Esta é uma pergunta que não tenho como responder pois nunca fomos a Paris no ano novo. Mas se você pesquisar pela internet, verá opiniões positivas e negativas.
Estamos há 3 anos e 8 meses na França, e este ano será o quarto ano novo que passaremos aqui. O Réveillon deste ano será uma decisão de última hora. Cada ano passamos em um lugar diferente (Strasburg, Clermont e Annecy), logo experiências diferentes. Um ponto em comum que vi nessas três cidades é que na virada do ano não havia grandes eventos externos à meia noite, dessa forma há três opções:
– Faça a festa em casa com a família ou na casa de amigos;
– Vá a um restaurante – sabendo que corre o sério risco dos restaurantes que estiverem abertos no dia 31 fecharem cedo e não necessariamente ter uma comemoração à meia noite.
Dica: se decidir por fazer a ceia em restaurante pesquise bem os horários, cardápios e preços para não ter uma surpresa no final;
– Procure uma festa na cidade e reserve a entrada com antecedência.
Dica : Pesquise bastante, verifique se o local aceita crianças e qual o cardápio que será servido. A ceia de ano novo aqui costuma ser um pouco diferente do que os brasileiros estão acostumados.
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Qual foi a nossa experiência ?
Strasbourg (2014 /2015)
Assim que fizemos a reserva no hotel comecei a minha pesquisa de lugares para o ano novo.
Estava com dificuldade de achar restaurantes, e quando achavamos um, ou era muito caro ou o cardápio era bizarro para nós (fois gras – fígado de pato) de entrada, pato ou carne com fois gras de prato principal). Eu particularmente, não como fois gras (minha filha adora) e ir a um restaurante onde a metade do menu de ano novo contém este prato fica difícil.
Resolvi procurar festas, depois de muita procura achei uma: Réveillon la guinguette du rhin. Eles se classificaram como festa dançante.
Tinha buffet para a ceia com pratos variados e para todos os gostos seguindo de uma festa anos 80. Achei interessante (na verdade foi a melhor e única opção que achei) e fechamos com eles.
Detalhe para o método francês para garantir reserva: envio do cheque pelo correio.
Fomos surpreendidos na entrada com a roupa das pessoas: muito preto, altas produções em brilho e os homens estavam na maioria de terno. A faixa etária também chamou a atenção: até tinha famílias com crianças pequenas, mas eram poucas. A maioria eram pessoas com mais de 50 anos.
A festa foi ótima, boa comida, música, nos divertimos bem.
Depois fui descobrir que esta festa é feita pelo clube de dança de salão da região e tem todo ano. Veja aqui.
Clermont Ferrand (2015/2016)
Passamos a virada na casa de amigos. Foi um Réveillon franco-italo-brasileiro. Foi bem família, foi ótimo.
A ceia foi eclética e nada tradicional: tinha pratos típicos italianos (mortadela, folheados de pesto, pandoro (um tipo de panetone sem frutas secas), franceses como terrines, fois gras e pratos brasileiros: goiabada com queijo, bolinho de bacalhau , coxinha, pão de queijo.
Até vimos da varanda uns fogos singelos aparentemente perto da catedral da cidade.
O difícil foi quando voltamos para casa e vimos como alguns estudantes franceses comemoraram a virada do ano. Os vizinhos de cima fizeram uma festa que tivemos a impressão que estava só começando quando chegamos às 2 da manhã e terminou às 09:00h. Difícil foi dormir com o barulho.
Fonte: arquivo pessoal
Annecy (2016/2017)
Assim como Strasbourg, procurei por restaurantes primeiro. Achei um de raclete tradicional da região, mas mudamos de ideia na última hora pois não tínhamos certeza se o restaurante ia ficar aberto até tarde. Eles frisaram bem que o último horário do jantar era às 21:00h e a cozinha fecharia às 23:00h.
Depois de cancelar a reserva já feita no restaurante, procurei por festas na região e achei uma bem curiosa. Era uma festa de Réveillon oriental, ia ter desfiles de roupas orientais e pintura de henna, a festa era dançante com jantar halal (Veja o que é comida halal aqui). O mais curioso para nós foi que um pouco antes de reservarmos a festa, a babysitter da minha filha, que é argelina e muçulmana, nos explicou que não existia festa de ano novo entre dia 31 de dezembro e 1 de janeiro nem a ceia como conhecemos.
Curiosidades a parte, fomos para a festa oriental e foi ótima, fizemos a henna nas mãos, o menu estava bom (salada e salmão defumado de entrada, frango e camarão com risoto e flan de legumes, queijo brie e sobremesa), a música estava boa, e nos divertimos muito.
Realmente acho que foi uma opção melhor do que o restaurante.
E como é a comemoração de virada de ano no país que você mora? Muito diferente do Brasil?