Rzeszów e a região da Subcarpácia.
Hoje vou falar um pouco de uma região ainda não muito conhecida, fora do eixo Varsóvia-Cracóvia: Rzeszów e a região da Subcarpácia (Podkarpackie, em polonês). Aproveite que a primavera chegou oficialmente (finalmente!) e venha comigo conhecer um pouco sobre esta região não tão conhecida.
Um pouco de história e geografia
Para localizá-los geograficamente, a voivodia (equivalente a província) da Subcarpácia está localizada no sudeste da Polônia, fazendo fronteira ao norte com as voivodias de Świętokrzyskie (Kielce) e Lubelskie (Lublin); a oeste, com a voivodia de Małopolskie (Cracóvia); a leste, com a Ucrânia e, ao sul, com a Eslováquia.
Historicamente, até a eclosão da Primeira GM, parte do que hoje é a Subcarpácia (incluindo Małopolskie e parte da Silésia) – era a região da Galicja, que também compreendia boa parte do sudoeste da Ucrânia, e cuja capital era Lviv).
A Polônia, àquela época, fazia parte do Império Austro-Húngaro. Já falei um pouco sobre a questão da partilha das terras polonesas em outros textos, o quanto isso foi marcante na história e influenciou os costumes dos poloneses ao longo daqueles anos.
Falo isso pois gosto muito de ouvir as histórias contadas pelos avós de meu marido, sobre o espírito da Galicja, e sim, consigo percebê-lo na arquitetura, em hábitos, costumes, e no jeito de ser dos poloneses do sul.
Entretanto, vale lembrar que, após a II GM (que nesta região estendeu-se um pouco mais) e a “liberação” soviética, a região sofreu muito a influência do sistema socialista; vê-se (assim como em muitos lugares da Polônia) fábricas e a arquitetura real-socialista, típica deste período. Por isso mesmo creio que seja uma experiência única sair um pouco dos pontos/roteiros turísticos e explorar as múltiplas faces da Polônia.
A capital de nome quase impronunciável
Rzeszów é a capital da Subcarpácia contando com pouco mais de 187.000 habitantes. O nome é um pouco assustador a princípio, mas não é impossível, lê-se: “Jexuf”. Esta é uma cidade é relativamente nova, se compararmos às demais cidades polonesas, sobretudo pelas questões históricas, mas que vem crescendo muito nos últimos anos, com algumas empresas polonesas e estrangeiras abrindo filiais por lá.
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Embora seja uma cidade pequena, mesmo que seja a capital da “província”, possui muitos centros comerciais, comunicação aérea, ferroviária e rodoviária para quase toda a Polônia e outros países, inclusive a autoestrada A4 (que liga a Alemanha a Ucrânia) passa pela cidade.
Do Aeroporto Internacional de Jasionka, é possível viajar para as grandes cidades da Polônia e maiores destinos europeus, mesmo em voos sazonais, por exemplo para Corfu, na Grécia, ou Nova Iorque, nos EUA.
Aliás, Rzeszów é um polo da indústria da aviação do país na atualidade, como muitas empresas na região do aeroporto de Jasionka.
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Outro ramo que tem crescido é, sem dúvida, a área de TI, ainda que em escala menor, comparada a outras regiões, como Cracóvia, Wrocław ou Katowice, e claro, a capital polonesa, mas muitos apontam que a próxima região a sofrer esse boom nos próximos anos será Rzeszów, por ter essa infraestrutura e ser mais barata, tanto em termos de investimentos quando para custo de vida.
Porém, embora haja esse sopro de modernidade e crescimento econômico, a cidade é pequena, tipicamente bucólica e muito católica. A maioria da população não fala inglês, como em outras grandes cidades polonesas, sobretudo a população mais idosa.
Mas seu charme consiste nisso: ser uma típica – e tranquila – cidade do interior na Polônia!
E como em toda cidade polonesa, possui um charmoso Rynek (literalmente mercado, em polonês, que nada mais é que o centro mais antigo da cidade, onde fica o prédio da prefeitura e a vida ativa da cidade.
A cada três anos, no verão, é lá que ocorre (dentre outros festivais) o Festival Internacional de Dança Folclórica na Polônia, inclusive com a apresentação de grupos brasileiros, vindos do Paraná!
As cidades históricas mais antigas da região
Se você quiser ir mais para o sul, para visitar lugares menores e mais pitorescos, porém não menos importantes, eu recomendo, sem dúvida, conhecer as charmosas cidades históricas de Przemyśl e Jarosław.
Przemyśl (lê-se: “Pjemíxil”) é a segunda cidade mais antiga do sul da Polônia, ficando apenas atrás de Cracóvia. É uma cidade que remonta do Séc. VIII, e foi definitivamente estabelecida no Séc. X. É banhada por um dos afluentes do Rio Vístula, o Rio San, e foi um importante centro comercial da Polônia no passado, por sua localização estratégica (hoje faz fronteira com a Ucrânia). Possui muitas construções históricas, como o Castelo de Casimiro III da Polônia, do Séc. XIV, a Catedral greco-católica de São João Batista, a Igreja Carmelita de Santa Tereza, além museus, fortes, sinagogas e o próprio centro (rynek) e a vista para o rio San.
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Jarosław (lê-se: “Iarosuaf”) também é banhada pelo Rio San, e por sua localização estratégica e contexto histórico (assim como Przemyśl, na época das Partilhas da Polônia, pertenciam ao Império Austro-Húngaro, e não ao Império Russo, como Varsóvia) foi uma importante cidade da região na época. A experiência aqui é passear por uma cidade típica polonesa, com igrejas, monastérios, sinagogas, palácios e fortes nesta pequena cidade de menos de 40.000 habitantes.
Se pensa estender a viagem e cruzar a fronteira para visitar a Ucrânia (Lviv), ambas cidades são ótimas para uma parada (e visita) estratégica.
Outras cidades da região que valem a pena conhecer são Łańcut, Krosno e Sanok, por exemplo.
Refúgio nas montanhas da Subcarpácia
Agora um lugar que me surpreendeu foi a região das montanhas de Bieszczady, que faz parte da Cordilheira dos Cárpatos. Bieszczady Sudeste faz a divisa entre Polônia, Eslováquia e Ucrânia.
No caminho para as montanhas, é possível encontrar um túnel desativado (hoje tipo um museu aberto somente no verão) utilizado pelos nazistas, durante a II GM, na cidade de Strzyżów, escondida no meio da mata.
A primeira parada, digamos, a entrada pra montanha, é Solina, uma pequena vila cuja maior atração é a represa, a maior da Polônia. No verão é um dos locais preferidos dos poloneses do sul para passar alguns dias de descanso, com hoteis, pousadas e área para camping.
A vila possui infraestrutura de bares, restaurantes, uma feirinha de artesanato e produtos da região, além de um parquinho de diversão. O seu lago artificial é o local para prática de esportes aquáticos, passeios de barco e até pesca.
Seguindo adiante, está localizado um dos 23 parques nacionais do país, o Parque Nacional de Bieszczady, criado em 1973. Este é o único parque nacional patrimônio da UNESCO localizado em três países.
O cume de da parte polonesa de Bieszczady é Tarnica, localizada a 1.346 m de altitude.
Assim como Solina é cheio de atrações no verão, Bieszczady é um dos destinos de inverno favoritos dos poloneses, e bem menos concorrido do que Zakopane.
Algumas informações úteis
Bem, se você estiver planejando apenas visitar a região em suas próximas férias, eu recomendo vir durante as estações mais quentes, de maio a outubro (no outono, por exemplo, as montanhas ficam BELÍSSIMAS).
Se optar por vir no inverno também pode descobrir – e fazer – coisas interessantes, como atividades típicas de inverno, porém lembre-se que a região não é tão turística como Zakopane (considerada a capital do inverno polonês). Por isso seria interessante vir ou ter alguém que seja do lugar para ter uma experiência mais rica, como por exemplo, vivenciar um autêntico Natal polonês.
Para quem pensa em vir morar, pois como disse acima, ofertas de emprego começam a surgir nesta região, deixarei alguns links oficiais abaixo para ajudar a conhecer o local.
Serviço de Informações da Cidade de Rzeszów
Espero que vocês tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre a Subcarpácia. Fiquem aqui com estas imagens aéreas de Rzeszów e witaj do Podkarpackie!
Do zobaczenia!
2 Comments
Oi queria só comentar que o festival que você indicou no link normalmente ocorre de 3 em 3 anos e envolve grupos estrangeiros que dançam/apresentam danças polonesas. Participei de dois deles (2011 e 2017) e não lembro o motivo, ano que vem terá a próxima edição.
Oi Milena!
Obrigada pela correção. Eu lembro que estive no de 2014 e no ano passado. Quase nos encontramos então!
Abs,
Vivian