Já ouviram aquele ditado: Quanto mais se sabe, mais você sabe que nada sabe? Pois é. E o aprendizado de uma língua não fica longe disso não.
Há 13 anos ouvindo, falando e convivendo com a língua inglesa, ainda me deparo com situações de muitas dúvidas e incertezas: To be or not to be? Bom, quem não se lembra da primeira aulinha naquele cursinho de inglês, aprendendo o famoso verbo TO BE! Como é complicado esse tal verbo, não é não? Não é a toa que ele é o primeiro verbo que aprendemos na gramática inglesa.
Depois de passada a fase do verbo TO BE, daí vem a formação de sentenças, aquela parte bacana onde você começa a se engajar com a língua e já consegue se comunicar. Bom, pelo menos, você tenta, não e? Quem aqui não passou pela fase da frase The Book is on the Table? Aha, eu sabia. Depois dessa fase inicial e, digamos ‘dolorida’, vem a fase do ‘eu falo inglês’. Yes! Dolorida sim senhor, pois quem não ficou com dor na língua de tanto praticar o som do ‘Thank You’ com a língua entre os dentes? Minha língua ficava até adormecida e meu rosto dolorido, de tanto que a professor pegava no pé!
Ah, agora eu falo inglês, posso viajar, conhecer o mundo! Doce ilusão. A língua inglesa, apesar de soar fácil comparada com algumas outras línguas (que o diga nossa amiga Christine com seu Mandarim), é cheia de pegadinhas. Eu venho há 13 anos, entre os trancos e barrancos, me deparando todos ou quase todos os dias com alguma surpresa em relação à língua que tanto admiro.
Aproveito aqui para deixar algumas dicas em relação aos tão populares FALSE FRIENDS (falsos cognatos). Esses amigos falsos são simplesmente aquelas palavrinhas que nos colocam em situações muitas vezes desagradáveis. São aquelas palavras que são similares em ambas as línguas mas com significados diferentes. A lista é enorme e tem uma muito bacana aqui que pode ser útil. Confesso que até hoje ainda me confundo com o PUSH e PULL. Quando leio nas portas PUSH, ainda paro para pensar se devo empurrar ou puxar! Meu cérebro não consegue assimilar que PUSH significa EMPURRAR e não PUXAR.
Dentre as várias situações que já vivi e ouvi, fica aqui o relato de algumas bem inusitadas.
Logo no início, me deparei entrando em uma loja só de sanduíches de uma rede chamada SUBWAY. Eu tinha certeza de que estava entrando no metrô de Londres (UNDERGROUND).
Essa aconteceu várias vezes quando eu trabalhava em um café: os ingleses me pediam ‘cup of tea’ e eu muitas vezes entendia ‘Cappuccino’. Fica aqui uma dica válida para todas as situações: caso não entenda o que foi falado, repita e tenha certeza de que entendeu corretamente.
Lembro-me de alguém contar-me um evento inédito. Em 2005, durante os atentados de bomba em Londres, período em que não se podia mencionar a palavra bomba ou terrorismo que já era motivo de desconfiança, um grupo de religiosos, ficaram presos em um elevador, dentro de uma igreja, no Norte de Londres. Segundo o relato, o líder do grupo, ao acionar o botão de emergência, com a intenção de chamar os bombeiros, começa a gritar: CALL THE BOMBER. Esclarecimento: bombeiro em inglês é fireman. Bomber seria a pessoa que detona ou joga bombas em lugares públicos. Imaginem a confusão!
E pra finalizar o texto de hoje, deixo aqui uma pérola que até hoje me faz dar boas risadas. Assim me contaram: Dois brasileiros fazendo panfletagem em domicílios. O primeiro brasileiro, recém-chegado a cidade. O segundo brasileiro, o qual já estava em Londres há alguns meses e se dizia entendedor da língua inglesa, lidera a panfletagem. Chegando próximo a uma residência com um aviso no portão de CÃO BRAVO, os dois vacilam. O recém-chegado se mete a valentão e entra para colocar o panfleto na porta. O cão aparece e abocanha a perna da vítima. O dono do cachorro, ao ouvir toda a parafernália do lado de fora, sai na porta da sala: What’s the matter? (Qual o problema). Nisso, um amigo já tinha conseguido socorrer o outro e estavam do lado de fora do portão. O brasileiro que já estava em Londres há mais tempo, nervoso, responde ao inglês, apontando para o cachorro: ‘Your dog nheco-nheco my friend’s pernation!’
6 Comments
Fernanda parabéns pelo texto!
Adorei e dei boas risadas com ele. Me identifiquei perfeitamente com você e o “Push and Pull” parece que o o tico e o teco não digerem algumas palavras né?!!
Mas é totalmente verdade o que você falou lá no início do texto, quanto mais a gente aprende mais a gente vê que tudo que a gente sabe é apenas a ponta do iceberg. Às vezes estimulante, às vezes angustiante..rs..
bisous!
Fernanda, adorei e morri de rir com teu texto. Acho que todo mundo já passou ou conhece alguém que passou alguma vergonha em países de fala inglesa. Um amigo de minha prima foi dar uma de sabe-tudo em um hotel em Las Vegas e com toda convicçao disse ao garçom: “Tem beer?”. O garçom sinalizou positivamente e voltou depois de alguns minutos com 10 cervejas!! Eram 3 pessoas na mesa…. Em espanhol também acontece DEMAIS esse tipo de coisa. Algum dia contarei as gracinhas que já aconteceram por aqui 😀
Oi Ana Lozon, obrigada pelo carinho. Sim, o acho que o push and pull são os piores. Ainda hoje me pego dizendo kitchen ao invés de chicken. Acredita? E assim vamos nos, tocando o barco e sempre aprendendo com essa experiência de viver em outras culturas e falar outras línguas. Acho tudo isso muito magico e gratificante. Bjs
Oi Joy, agora quem esta se matando de rir sou eu com o seu depoimento. Essas confusões podem ser mesmo problemáticas. Uma vez, ainda quando trabalhava em um bar, o freguês me pede cerveja. Ele estava na mesa com mais dóis colegas. O som ambiente estava muito alto e eu não consegui ouvir o que ele pedia. Ele gritou: two beers, please! Para confirmar se eu havia entendido, virei para ele e perguntei: Two? E fiz o sinal de V que e super ofensivo aqui para o ingleses! Um dos colegas da mesa se levantou e quase avançou para cima de mim. Eu não havia entendido nada. Dai e que foram me explicar que eu nunca devia fazer aquele sinal para um inglês! Ai ai…..
Nossa!!! Eu ri muito !!! Adorei !!! Parabéns pelo texto !!! Fácil e gostoso de ler, além de muito divertido !!!
Querida Alessandra, obrigada pelo carinhoso comentario. Fico feliz que tenha gostado do texto. Um grande abraco, Fernanda