Gírias e expressões argentinas.
Uma das primeiras e evidentes dificuldades que enfrentamos ao mudar para um novo país é a questão do idioma. Ainda que dominemos a nova língua, o uso de gírias e expressões, comum em qualquer canto do mundo, dificulta um pouco a comunicação e nem sempre são tão claras para serem entendidas sem conhecimento prévio do seu significado. Se até mesmo dentro do nosso Brasil há tanta diferença entre uma região e outra, tudo se complica ainda mais quando os costumes e a cultura estão ainda mais distantes do que temos como referência.
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A minha primeira emigração foi para o México, país onde dei os meus primeiros passos no universo do espanhol. Que grande engano, o meu, ao achar que o básico aprendido em terras mexicanas seria suficiente para me virar em território porteño! Além de objetos, alimentos e mil outras coisas com nomes diferentes, as gírias e expressões recém-aprendidas não se aplicavam no novo país. Inclusive, algumas poderiam ser interpretadas de uma maneira muito negativa, como já aconteceu comigo (quem nunca?), gerando momentos de inevitável constrangimento (mas posteriores gargalhadas, claro!).
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Para dar uma mãozinha a você, recém-chegado à Argentina, ou até mesmo para você que virá ao país como turista, listo abaixo algumas das principais gírias e expressões. E, também, algumas palavrinhas que devem ser evitadas. Melhor se prevenir do que passar vergonha, certo?
A full: significa muito de alguma coisa ou um “ok” entusiasmado. Você pode dizer que está a full no trabalho, ou seja, muito atarefado e sem tempo.
Al pedo: pode significar o contrário de a full, ou seja, se você está al pedo, está sem fazer nada. Também pode significar indicar que algo foi inútil: me fui al pedo a la tienda porque estaba cerrada.
Al toque: imediatamente, rápido.
Bajón: usada para indicar algo ou alguém em uma vibe ruim, ou para expressar que algo deu errado. “Uuuui, Argentina ya se salió del mundial, ¡que bajón!”
Bancá: espera um pouco. Pode ser usada também como “te banco” para indicar que quem fala está com você, te apoia; ou “no la banco” para indicar que quem fala não tolera a pessoa de quem fala.
Boliche: boate, discoteca.
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Boludo: entre amigos, é equivalente ao chabon (“véio”), mas em uma discussão equivale a “tonto” e é ofensivo.
Buena onda: simpático, gente boa.
Canchero: muito cool ou esperto, que sabe muito.
Chabón: rapaz, cara. Equivalente ao “véio”, “meu”, “brother”
Chamuyero: fofoqueiro, que enrola as pessoas.
Che: se usa para se referir a outra pessoa, geralmente quando você quer chamar a atenção para o que você está falando. Em mineirês, poderia ser traduzido para “sô”.
Cheto: se usado para pessoas, indica que é um playboy ou patricinha. Pode ser usado, também, para lugares, objetos, sempre no sentido de status.
Chorear: furtar ou roubar.
Chupar: ingerir bebidas alcoólicas.
Colectivo/cole: ônibus.
Copado: muito legal, bacana, maneiro ou de alta qualidade.
Dale: usado em sentido afirmativo, confirmando. Equivale ao “ok” ou ao “beleza”.
En bolas: pelado.
En la loma del orto: onde Judas perdeu as botas.
En pedo: pode significar estar bêbado ou pode ser uma resposta de extrema negação (No voy a ir ni en pedo).
Fachado: pessoa elegante, bem vestida.
Fiaca: preguiça.
Fichar: olhar, observar com atenção.
Flaco: a tradução literal é “magro”, mas é usada para se referir a um rapaz.
Gil: idiota.
Guita: dinheiro.
Hincha pelotas: pessoa que enche muito o saco.
Laburo: trabalho, emprego.
Mala leche: má sorte.
Mango: dinheiro argentino (pesos).
Me chupa un huevo: não me importa, não estou nem aí. “Estou cagando e andando”
Me da bronca: me incomoda, me tira do sério.
Me mataste: um “não sei” ou “não tenho ideia” bem dramático.
Mina: menina, garota.
Morfar: comer.
Nena: usado para referir-se de maneira carinhosa a uma mulher, geralmente jovem.
Ojo: se usa para indicar que se debe prestar atenção ou ter cuidado.
¿Que onda?: seu equivalente seria um “e aí?” do “e aí? Beleza?” ou “e aí, o que você está fazendo?”
Pancho: cachorro quente.
Pelado: careca.
Pelotudo: seria um boludo mais intenso. Também se usa entre amigos, de maneira carinhosa, ou em discussões, para dizer que a pessoa é um pé no saco.
Pendejo: moleque, menino, criança.
Pibe: jovem, moleque.
Pibe: moleque.
Piola: legal, bacana, cool.
Plata: dinheiro.
Pochoclo: pipoca.
Posta: usado para confirmação.
__ ¡Posta! (Juro!)
__ ¿Posta? (Verdade? Jura?)
Que cagada: que merda.
Quilombo: indica caos, bagunça, desordem, ou confusão, problemas.
Re: usado antes de outra palavra para intensifica-la. Re hermoso (muito bonito). Pode ser acompanhado de contra, o que intensifica ainda mais o já intensificado: re contra copado (muito, muitíssisisimo bacana).
Subte: metrô
Tarado: não tem conotação sexual, significa imbecil, idiota.
Trucho: algo falso, pirata.
Vago: preguiçoso.
Yanki: norte-americano de Estados Unidos.
Zarpado: da hora
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Atenção! Muito cuidado com o uso das seguintes palavras:
Cajeta, que, no México, é doce de leite, na Argentina se refere à vagina de maneira vulgar.
Concha, que, no México, é um pão, na Argentina também se refere à vagina de maneira vulgar.
Gato, que significa prostituta.